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"Agora é tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial e da discriminação para a pedra sólida da fraternidade." (Rev. Martin Luther King Jr.)

Sejam bem-vindos ao NEGOSPEL!

O que vem a ser o NEGOSPEL? - NEGOSPEL é um MOVIMENTO NEGRO EVANGÉLICO virtual e, ou, presencial cuja missão é de conscientizar os afrodescendentes e interessados no assunto quanto à sua historicidade, identidade, autovalorização e espaço tanto do ponto de vista histórico-teológico como étnico-sócio-racial lutando, assim, pela reparação nas áreas supra-citadas dentro de um recorte racial justo e verdadeiro ante às inúmeras injustiças resultantes na atual estratificação social. Portanto, continue conosco interagindo e divulgando nosso trabalho e muito obrigado pela sua visita!

Afroabraços,

Henrique Coutinho.



domingo, 25 de dezembro de 2011

O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL.

Escrito por Marcelo M. Guimarães.
As comemorações natalinas acontecem e julgo oportuno compartilhar deste tema com todos do Corpo do Messias. Inicialmente gostaria de afirmar bem claro que não tenho a menor intenção em agredir suas tradições e seus costumes quanto à comemoração do natal, quer pelos católicos, protestantes, evangélicos, espíritas e por qualquer outra forma mesmo que ela não esteja filiada a uma religião denominada cristã. Mesmo nos países orientais de religião predominantemente budista muitos celebram a festa de natal. Portanto, o objetivo de minha mensagem é esclarecer os fatos históricos, confrontar tradições e costumes com os ensinamentos bíblicos e deixar que cada leitor tire suas próprias conclusões, sem com isto, querer impor à ninguém aceitar meu ponto de vista. Se você ler esta mensagem com este espírito com certeza tirará bom proveito. Pensando bem, o que é o Natal? Nesta época é comum enfeites nas portas das casas e no seu interior grandes ou pequenas árvores de Natal. Decorações nas ruas da cidade com bolas coloridas variadas, perus, leitões recheados, patos, gansos, muitas nozes, castanhas, passas de uvas, whiskys, champanhe, etc., não faltam para um família de classe média-alta. Enfim, todos dão um jeitinho, nem que seja comer um franguinho com farofa. Às vezes acontece que muitas pessoas gastam muito dinheiro e herdam uma grande dívida para ser paga em suaves prestações no ano que vem, pois afinal, quem recebe um presente de natal se vê quase na obrigação de retribuir, tudo bem! Mas, quando não se pode, a coisa se complica e constrange até mesmo numa humilhação. Para as pobres crianças de rua é tempo de tentação, pois vêem presentes e guloseimas expostas nas vitrines das lojas e fica por isso mesmo. Mas com certeza, as esmolas neste tempo se dobram também, pois é Natal. Afinal vamos dar uma trégua às dificuldades e problemas; vamos esquecer um pouquinho das coisas ruins, nos alegrando com a família, desejando a todos um "feliz natal" cheio de saúde, muita paz, e porque não dizer "boas festas". Mas afinal, o que se comemora no Natal? Muitos dirão: "Comemora-se o nascimento de Jesus Cristo". Mesmo para a maioria dos cristãos o que isto significa não é muito fácil de se entender. Mas atualmente, até o Japão que é um país budista, comemora também o Natal. Então se pergunta: "Que espírito é este do Natal"? Com toda consideração ao leitor, gostaria de compartilhar um pouco sobre as origens da festa natalina, pois não temos a intenção de criticá-lo ou tão pouco condená-lo porque você ainda comemora o Natal. Mas a verdadeira intenção é que você entenda o verdadeiro sentido do Natal, suas tradições e costumes, a fim de que você como salvo no Messias, esteja livre de todo paganismo do mundo hodierno. Se pesquisarmos um pouco, veremos que o Natal atual tem todas as características de uma festa pagã. Vejamos alguns exemplos: Pinheiros Os escandinavos adoravam árvores e sacrifícios eram feitos debaixo das árvores ao deus Thor. A Enciclopédia Barsa descreve que a árvore de Natal tem origem germânica, datando do tempo de São Bonifácio (800 d.C.). Os pagãos germânicos faziam sacrifícios ao carvalho sagrado de Odim (demônio das tempestades) e ao seu filho Thor. O ato de cortar as árvores para enfeitá-las é bem antigo. Vejamos o que diz o profeta Jeremias (10:3 e 4): "... porque os costumes dos povos são vaidades, pois cortam do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, com machado. Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam para que não se movam...". Quando os pagãos se tornaram cristãos, normalmente sem uma profunda experiência com Yeshua ( Jesus), levaram consigo todos os costumes pagãos. Presépio Foi instituído no século XIII por São Francisco de Assis, que quis representar o cenário no qual Yeshua nasceu. Papai Noel Noel, em francês, significa Natal. Porém, esta palavra não consta na Bíblia e sua origem, conforme minha pesquisa, é incerta. Há contudo, aqueles que ligam o mito Papai Noel com a lenda de São Nicolau, Bispo de Mira, na Ásia Menor, no século IV. A Holanda o escolheu como patrono das crianças e neste dia era costume dar presentes. Este costume, então, se espalhou pela Europa. Os noruegueses criam que a deusa Hertha aparecia na lareira e trazia consigo sorte para o lar. A lenda conta que as crianças colocavam seus sapatinhos na janela e São Nicolau passava de noite colocando chocolates e caramelos dentro dos sapatos. Tudo isto foi descaracterizando o verdadeiro espírito do Natal. NASCIMENTO DE YESHUA (JESUS) Até o ano 300 d.C. o nascimento de Yeshua era comemorado pelos cristãos em diferentes datas. No ano 354 d.C. o papa Libério, sendo imperador romano Justiniano, ordenou que os cristãos celebrassem o nascimento de Yeshua no dia 25 de dezembro. Provavelmente, ele escolheu esta data porque em Roma já se comemorava neste dia o dia de Saturno, ou seja, a festa chamada Saturnália. A religião mitraica dos persas (inimiga dos cristãos) comemorava neste dia o NATALIS INVICTI SOLIS, ou seja, "O Nascimento do Sol Vitorioso". Na tentativa de "cristianizar" cultos pagãos, o clero da era das trevas (de Constantino até a Idade Média) tentou de todas as formas conciliar o paganismo com o cristianismo. Um bom exemplo disto foi a criação dos santos católicos, substituindo as festas e padroeiros pagãos. Vênus, deusa do amor; Ceres, deusa da colheita; Netuno deus do Mar; assim como São Cristovão é o padroeiro dos viajantes; Santa Bárbara, protetora dos trovões e o famoso Santo Antônio é o padroeiro do casamento. No Brasil ainda foi muito pior quando os santos se misturaram com os demônios e guias do candomblé, umbanda, vodu, etc. Paulo, na carta aos romanos (1.25) diz que mudaram a verdade de D'us em mentira. AFINAL, QUANDO NASCEU YESHUA? (Creio eu, ser uma verdade revelada - Hb 1.1) Lucas foi o evangelista mais minucioso. Vejamos algumas passagens: Lucas 2.8 - diz que haviam pastores guardando seus rebanhos durante as vigílias da noite. O inverno em Israel é rigoroso e isto é pouco provável que tenha acontecido no inverno. Lucas 2.1 - diz que César Augusto convocou um recenseamento para o povo judeu. É pouco provável que realizariam um recenseamento no inverno, onde povo deveria percorrer a pé ou no máximo em lombo de animal, grandes distâncias durante o inverno. Além do mais, Yosef (José) não iria expor uma mulher grávida a andar a céu aberto nestas condições. Lucas 1.5 - diz que naquele exato momento Zacarias servia no templo como sacerdote no turno de ABIAS. Isto é, os sacerdotes se revezavam no templo em turnos, (cada turno tinha um nome; ABIAS era o 8º turno, sendo portanto, um dos 24 turnos de revezamento dos sacerdotes). Lucas 1.8,9 e 13 - diz que neste exato momento Zacarias recebe a anunciação do nascimento de Yohanam Ben Zechariah (João Batista - filho de Zacarias). Lucas 1.23 e 24 - diz que Isabel estava grávida de João Batista. Vejamos, portanto, quando realmente Yeshua(Jesus) nasceu. Analisando atentamente alguns versículos bíblicos, podemos concluir que Yeshua não nasceu em dezembro e sim nos prováveis meses de setembro ou quando muito outubro, meses em que os judeus comemoravam a Festa dos Tabernáculos, como diz João 1.14: "... e a Palavra se fez carne e habitou entre nós...", "habitou" no original grego é 'skenesei' que se traduz como 'TABERNACULOU'. Êxodo 12.1 e 2 e Deuteronômio 16.1 - mencionam que a Páscoa é a principal festa do ano e acontece no primeiro mês. Êxodo 23.15 - diz que Aviv é o primeiro mês do calendário religioso judeu (bíblico). I Crônicas 24.7-10 - diz que os sacerdotes se revezavam em turnos de dois turnos/mês e que ABIAS era o oitavo turno. Qual é, portanto, a dedução lógica para descobrir o mês do nascimento de Yeshua (Jesus)? Nosso D'us, é um D'us lógico e para Ele não há coincidências. É bem provável que o primeiro turno dos sacerdotes deveria começar no primeiro mês religioso do calendário judaico, por quê? Imaginem, se os sacerdotes faziam rodízio para servir no templo, eles deveriam ter um mês de referência para que, antecipadamente, pudessem conhecer seus respectivos turnos e meses nos quais eles (os 24 sacerdotes) fariam o revezamento. E é bem lógico que eles escolheriam o mais importante dos meses judaicos, que era o primeiro mês, Aviv, no qual se comemora Páscoa. Então, se isto é lógico e aceitável, não restam dúvidas que o turno de ABIAS de Zacarias que era o oitavo da escala e coincidiu com o mês chamado TAMUZ. Ora, a Bíblia diz que poucos dias após Zacarias ter recebido a anunciação do anjo sobre o nascimento de João Batista (Yohanam Ben Zechariah), Isabel, sua mulher ficou grávida. Lucas 1.25 e 36 - diz que estando Isabel no 6º mês de gravidez (mês de Tevet), foi ela visitada por Miriam (Maria mãe de Yeshua) que acabara de ficar grávida. Ora, se contarmos 6 meses no calendário judaico vamos concluir que Maria ficou grávida de Yeshua no mês de TEVET e, se contarmos nove meses a partir de TEVET chegaremos à conclusão que Yeshua HaMashiach (Jesus o Messias) nasceu nos meses de setembro ou no mais tardar em outubro, meses estes que coincidem sempre com o mês do calendário judaico de Tishrei (7º mês do calendário), no qual os judeus comemoram a Festa dos Tabernáculos. O Calendário judaico é lunar e por isso há diferença entre os meses do calendário gregoriano, que é baseado no sistema solar. À propósito, no jornal "Estado de Minas" do dia 16 de dezembro de 1990, foi publicada uma matéria pelo Prof. Nelson Travnik, do observatório Municipal de Campinas - SP, que os computadores já calcularam com base em dados astronômicos, que a data provável do nascimento de "cristo" foi em 15 de Setembro do ano 7 E.C. Não tenho ferramentas ou argumentos científicos para endossar essa data e nem tão pouco informação Bíblica para contradizê-la. Mas, uma coisa eu sei, esta publicação veio exatamente confirmar essa mensagem, na qual eu já cria pela fé e por meio dos fatos bíblicos e históricos aqui mencionados. CONCLUSÃO: Fique, portanto, no coração de cada um esta mensagem. Ore a D'us, peça para entendê-la bem. Julgue também a palavra. Mas, tenho certeza que grande libertação virá na sua vida e com certeza você se sentirá mais livre das tradições mundanas, não sendo cúmplice e nem comungando com outros "espíritos" os quais não testemunham da verdade, que é o próprio YESHUA ! Seja sábio! Não saia agora por aí condenando tudo e todos. Você nasceu para ser luz onde há trevas. Creio, também, não ser essencialmente importante saber ou não que Yeshua nasceu em dezembro. No Verdadeiro Shalom do Messias, Yeshua HaMashiach. Amém.
(*) Marcelo M. Guimarães - Engenheiro Industrial, MBA em Economia, Teólogo, Rabino Messiânico ordenado pelo Netivyah Bible Instruction Ministry-Jerusalém-Israel. Fundador do Ministério Ensinando de Sião, do Cates, da Abradjin e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte-Brasil.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Morre o pequeno grande Mestre de Capoeira João Pequeno de Pastinha.

Prestes a completar 94 anos (em 27 de dezembro), 79 deles dedicados à capoeira, o mestre João Pereira dos Santos, mais conhecido como Mestre João Pequeno, morreu nesta sexta-feira, 09, em Salvador, em decorrência de uma infecção intestinal, segundo fonte próxima da família. Ele es-tava internado no Hospital Teresa de Lisieux. O corpo do capoeirista será enterrado neste sába-do,10, às 16 horas, no cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília. Considerado o mais antigo discípulo de Mestre Pastinha – tido como o maior difusor da capoeira angola no país e morto em 1981 –, Mestre João Pequeno nasceu no município de Araci (a 210 km da capital baiana), em 1917. Aos 15 anos, em 1933, fugindo da seca, andou até à cidade de Alagoinhas, e depois até Mata de São João, onde trabalhou por dez anos em uma plantação de cana de açúcar. Foi lá onde ele conheceu a capoeira. “Eu acho que a cultura afro perde uma referência de maior importância no movimento da capo-eira no mundo”, disse o mestre Bamba, da Associação de Capoeira Mestre Bimba, no Pelourinho. Para a vereadora Olívia Santana (PT), companheira do capoeirista na luta pelo movimento ne-gro, o adeus a João Pequeno tem de ser com muita altivez e dignidade. “Ele era um embaixador da capoeira brasileira, em nome da Bahia, no mundo”, disse a vereadora. Cobrador de bondes - Aos 25 anos, João Pequeno se mudou para Salvador, onde trabalhou como cobrador de bondes e na construção civil, chegando a se tornar mestre de obras. Em 1945, inscreveu-se no Centro Esportivo de Capoeira Angola, congregação de capoeiristas coordenada pelo Mestre Pastinha. Desde então, João Pereira passou a acompanhar o mestre, que logo lhe ofereceria o cargo de treinel. Algum tempo depois, João Pereira tornar-se-ia então o Mestre João Pequeno, ou João Pequeno de Pastinha. No final da década de 1960, quando Pastinha não podia mais ensinar, passou a direção da aca-demia de capoeira para João Pequeno. Lá, Mestre João Pequeno ensinou capoeira a outros grandes mestres baianos, dentre eles João Grande, que tornou-se seu grande parceiro de jogo, assim como Morais e Curió.
Fábio Bittencourt e Gildo Lima / AG. A TARDE
Eu, particularmente, posso testemunhar a respeito da grande e generosa pessoa que era o Mestre João Pequeno com o qual tive o privilégio de receber instruções de capoeira em minha adolescência quando, no Grupo Interescolar Teodoro Sampaio, nos treinou durante um ou dois meses e nos conduziu a uma apresentação de capoeira na Vila Militar de Dendenzeiros. Logo depois, gostando de minha desenvoltura, convidou-me pra treinar com ele no Forte da Capoeira, pena que, naquela época, as condições financeiras de minha mãe não permitiam bancar transporte para minha condução. Não obstante essa dificuldade, o meu contato com esse servo de Deus, membro batizado da Igreja do Evangelho Quadrangular, marcou-me muito positivamente. De modo que muito me emociona ouvir o toque do berimbau e lembrar desse notável Apóstolo da Capoeira nos cinco continentes - o DR. JOÃO PEREIRA - MESTRE JOÃO PEQUENO DE PASTINHA. Digo doutor porque, merecidamente, recebeu, dentre outros títulos e homenagens, o título de Doutor Honoris Causa no salão nobre da Reitoria da UFBA. Deixo, portanto, aqui minha grata homenagem a esse valoroso Mestre, bem como meus votos de condolências a todos os seus familiares e amigos. SALVE!!!
Pr. Henrique Coutinho.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CONSCIÊNCIA NEGRA É FEITA POR NEGROS CONSCIENTES!

Tenho conversado com muitas pessoas sobre consciência negra e o que tenho percebido é uma total desinformação e, muitas vezes, desdém e desinteresse a
respeito do assunto.

O que se percebe é que, até mesmo, pessoas envolvidas em movimentos negros
demonstram uma compreensão muito superficial do que, de fato, seja CONSCIÊNCIA NEGRA.
O Dia da Consciência Negra, todos já sabem: é o Dia em que se relembra a trágica, porém, heróica morte de ZUMBI – “o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por esse padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.”

“O nome Palmares foi dado pelos portugueses, devido ao grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.”

Mas o que é ter Consciência Negra? Ter Consciência Negra vai muito além de olhar pra sua pele e enxergar a sua cor; vai muito além de “festejamentos” anuais que, não raras vezes, pra muitos, torna-se mais uma festa vazia de significado;
vai muito além de discursos acalorados de negro pra negro, mas que acaba não ganhando eco na sociedade ao redor; vai muito além da emissão de “palavras de ordem” e da reverberação percursiva dos tambores do Pelô.
Ter Consciência Negra é ter consciência do meu valor como indivíduo, como pessoa e como cidadão que ajudou e ajuda a construir a nossa história; é ter consciência da minha importância para mudanças significativas e duradouras, relevantes mesmo, na construção e consolidação deste país; é estar disposto e disposta a quebrar as correntes que nos prendem nos porões negreiros da baixa auto-estima lançando mão da nossa Carta de Alforria Emocional; é ser capaz de celebrar com alegria as conquistas dos irmãos e irmãs negros, tomando-os como exemplo para que façamos o mesmo; é ter a coragem de se impor e se valorizar diante da “Ditadura Neo-colonizadora de Plantão”; é, portanto, dentre outras dezenas de coisas, ter memória histórica e uma pré-disposição incansável e indesistível em desenvolver e consolidar a
nossa própria história! Pois, CONSCIÊNCIA NEGRA É FEITA POR NEGROS CONSCIENTES!


Pr. Henrique Coutinho.

Bel. em Teologia;
Profº de Ed. Física;
Psicanalista Clínico; Livre Pesquisador dos
Negros na Bíblia; Ativista Negro e
Membro da ANNEB
(Aliança de Negras e Negros Evangé-
licos do Brasil).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

"TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI?"

Dia 21 de novembro completará 1 ano que o menino Joel teve sua vida e seus sonhos ceifados pela irresponsabilidade de policiais militares aqui em Salvador-Ba; 1 ano que acompanho, diariamente, a família enlutada e traumatizada pela DOR DA PERDA. Amanhã (13/10/2011), porém, será a primeira audiência no Fórum Ruy Barbosa em que tanto os pais como testemunhas e os nove policiais envolvidos naquela infeliz e monstruosa incursão serão ouvidos pelo juíz que, não se sabe porque, resolveu antecipar a audiência que estava marcada para 21 de novembro de 2011 - data em que completará 1 ano da morte de Joel. Não importa. Estaremos todos lá, na frente do Fórum em sinal de apoio à família e protesto pela morosidade da justiça deste país. Pois, quando se trata da morte de uma magistrada que, sentimos muito, foi brutalmente executada, é verdade, logo os pm's perderam a farda e saíram de circulação. Mas em se tratando de um garoto negro, pobre e morador de um bairro periférico os seus assassinos continuam soltos e trabalhando normalmente. Que país injusto e desigual é este? A nossa constituição não diz que "todos são iguais perante à lei?"
Pr. Henrique Coutinho.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Povo do Nordeste não quer só polícia.

O capoeirista Joel Castro, 43 anos, acordou cedo ontem para acompanhar a inauguração das bases comunitárias do complexo de bairros do Nordeste de Amaralina. Depois de tomar banho, vestir a roupa e se arrumar, Joel desistiu de ir.
“Eu senti que não dava para mim. Ver a farda da PM (Polícia Militar) só me traz lembranças tristes. Por isso eu desisti de ir à inauguração. Eu espero que esses novos PMs realmente venham com um pacto pela vida e não façam como aqueles que assassinaram o meu filho e ainda continuam na corporação” , desabafou Joel Castro.
O filho dele, o pequeno capoeirista Joel, de apenas 10 anos, foi morto com um tiro na cabeça, dentro de casa, durante operação da PM, no Nordeste, em 21 de novembro de 2010.
Somando o depoimento de Joel com as opiniões dos moradores ouvidos ontem, a conclusão é que as autoridades da Segurança Pública terão pela frente pelo menos dois grandes desafios a superar, no Nordeste de Amaralina. O primeiro é apagar da mente dos moradores a ideia de que os policiais militares são apenas homens da repressão. Para o pastor psicanalista Henrique Coutinho, 45, o segundo desafio é uma exigência dos moradores.
“Só o policiamento ostensivo não irá resolver os nossos problemas. Queremos que o governo ofereça o pacto pelos direitos humanos, pelas políticas públicas sérias, educação e saúde de qualidade, emprego e cidadania para o povo do Nordeste de Amaralina. Isso não é um favor, e sim obrigação do governo”, cobra Henrique.
Promessa: Novas UPPs serão no Subúrbio.
O governador da Bahia Jaques Wagner discursou ontem no lançamento das bases comunitárias. “A ideia é consolidar esse projeto, num período de até seis meses, como foi feito no Calabar, para depois pensarmos em partir para o Subúrbio Ferroviário”, disse o governador.
O secretário de Segurança, Maurício Teles Barbosa, afirmou que é “preciso dar oportunidade aos jovens para que eles saiam do tráfico e tenham uma expectativa de vida, com uma profissão, atividade esportiva”. A capitã Roseane Guimarães, comandante das bases do Nordeste, disse que vai contar com as denúncias da população para atuar de forma eficaz.
Jornalista João Eça.
Fonte: Jornal Massa.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A ANGOLANA LEILA LOPES É ELEITA A NOSSA MISS UNIVERSO 2011!

Linda, charmosa e inteligente, a angolana Leila Lopes (25 anos) acaba de ser eleita a primeira Miss Universo Negra de Angola! Nada mais justo e oportuno, uma vez que estamos no Ano Internacional dos Afrodescendentes. Modismo? Midiativismo? Alguns poderão argumentar dessa forma, já que temos como Presidente da maior potência mundial (EUA) o negro Barack Obama. Com tudo isso prefiro acreditar que tudo isso são respostas e resultado de luta, sangue e suor de tantos irmãos e irmãs negros que deram suas vidas em prol de uma causa quase sempre classificada por muitos como "utopia". Pois bem, isso que fora considerado por séculos a fio como "utopia" hoje é considerado como factual - uma insofismável realidade! Diante disso, cabe a nós O POVO NEGRO discernindo este momento histórico, conduzirmo-nos com equilíbrio e sabedoria a fim de que as gerações negras futuras herdem um legado mais justo, igualitário e sadio, fruto de lutas e conquistas bem alcançadas e administradas em meio a tantos opositores que, infelizmente, sempre hão de existir. PARABÉNS LEILA LOPES! PARABÉNS POVO NEGRO!!!
Afro-abraços,
Pr. Henrique Coutinho.

domingo, 14 de agosto de 2011

O EXTREMO DA DEPRECIAÇÃO DA FIGURA PATERNA.


A cada dia que passa se percebe uma orquestração sutil e silenciosa em direção da desonra e depreciação da FIGURA PATERNA, desde as tímidas manifestações "homenagiosas" da família, igrejas, intituições de ensino, etc, até a pouco badalada divulgação da data por meio dos meios midiáticos de comunicação em comparação com outras datas como, por exemplo, o dia das mães, das crianças, dos namorados, dentre outros.

Parece que em nome da busca pela (justa) emancipação feminina e pela supervalorição da figura materna, acabamos caindo em um outro extremo: O EXTREMO DA DEPRECIAÇÃO DA FIGURA PATERNA.
Já está provado tanto pela Psicologia como pela Psicanálise que a presença da FIGURA PATERNA na vida de uma criança, cuja personalidade está sendo formada entre 0 e 7 anos de idade, é de imprescindível importância e valor em sua formação de caráter e na necessidade de um ancoramento em uma referência masculina que pode ser ou não o seu genitor.

A grande maioria das culturas existentes ao longo dos séculos sempre tiveram a FIGURA PATERNA como modelo patriarcal, não obstante a verídica ponderação da forte marca do machismo perceptível em tais culturas. Mas, ao longo dos anos, o que percebemos não é a busca do equilíbrio da importância e valor das figuras paterna e materna no exercício do sacerdócio do lar. Antes uma sorrateira e paulatina desintegração, desgaste e uma certa inclinação para O EXTREMO DA DEPRECIAÇÃO DA FIGURA PATERNA. Tal tendência é, sem dúvida, por demais perigosa e preocupante, embora alguns não consigam enxergar os danos que essa triste e crescente tendência dos últimos dias pode gerar como, de fato, já está gerando.

Não é à toa que um dos mandamentos morais entre os dez prescritos por IAVÉ seja "HONRA TEU PAI e tua mãe..."; que o Senhor Jesus, nos evangelhos, faça inúmeras alusões a Deus como seu PAI, a exemplo da universal ORAÇÃO DO PAI NOSSO (Mateus 6:1-13) dentre outras citações como João 8:49 onde se lê: "Disse Jesus: Não estou endemoninhado! Pelo contrário, HONRO O MEU PAI, e vocês me desonram."

Infelizmente a constatação de que a "cultura da desonra paterna", tanto dentro como fora dos muros eclesiásticos, já é uma triste realidade. O que acaba refletindo muito negativamente sobre nossas crianças que são o presente e o futuro de nossa sociedade.

Como pai, luto todos os dias, contra essa tendência malígna que assola nossos lares e sociedade conseqüentemente. Procuro passar para meu filho tanto de forma oral como, principalmente, prática e presencial o que, como pai, represento pra ele, o que tem resultado em um relacionamento muito gostoso e edificante entre nós dois. O feed-back tem sido muito gratificante!

Portanto, quero estimular a todos os pais a não abrirem mão do seu papel em seu lar, em sua relação com seus filhos, ainda que não convivam debaixo do mesmo teto. NÃO ABRAM MÃO DO SEU SACERDÓCIO PATERNAL! Não importa que muitos não lhe reconheçam e, até, lhe desonrem. Saiba que vocês têm respaldo e legalidade conferidos pelo "PAI DAS LUZES, EM QUEM NÃO HÁ MUDANÇA NEM SOMBRA DE VARIAÇÕES".

Um feliz "DIA DOS PAIS" com um sonoro grito de protesto contra O EXTREMO DA DEPRECIAÇÃO DA FIGURA PATERNA!!!

PAI-STOR HENRIQUE COUTINHO.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

II FESTIVAL DE MÚSICAS DE CAPOEIRA DE SALVADOR.




VALE DIZER QUE O MESTRE BIMBA MORREU MAS DEIXOU UM PRECIOSO LEGADO (A CAPOEIRA REGIONAL - PATRIMÔNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE) E, JUNTO COM ELE, VÁRIOS MESTRES DE EXTREMA QUALIDADE. DENTRE OS QUAIS EU DESTACO OS MESTRES: BOZÓ, NINHA, FALCÃO, MICO E PICA-PAU - MESTRES DO GRUPO DE CAPOEIRA GINGADO BAIANO. GRUPO ESSE REPRESENTADO EM SALVADOR-BA; CHAPADA DIAMANTINA-BA; FRANÇA E ALEMANHA. MESTRES DOS QUAIS POSSO AFIRMAR PORQUE ACOMPANHO DE PERTO, FAZEM UM TRABALHO SÉRIO E COMPETENTE; E O QUE É MAIS IMPORTANTE: COM MUITO AMOR E DEDICAÇÃO SEM NADA RECEBEREM POR ISSO! ESTOU ME REFERINDO AOS MESTRES NINHA, FALCÃO E MICO: IDEALIZADORES E ORGANIZADORES DO NUCANA (NÚCLEO DE CAPOEIRA DA REGIÃO NORDESTE DE AMARALINA) E CRIADORES TANTO DA PASSEATA ANUAL DESSE NÚCLEO QUE AGREGA TODOS OS MESTRES DO NORDESTE DE AMARALINA COMO DE UM FESTIVAL DE MÚSICA DE CAPOEIRA QUE INTEGRA, NÃO SOMENTE OS MESTRES DO BAIRRO, MAS DE TODA A CIDADE DE SALVADOR: O 'FESTIVAL DE MÚSICAS DE CAPOEIRA DE SALVADOR' QUE JÁ ESTÁ EM SUA SEGUNDA EDIÇÃO E ACONTECERÁ NO DIA 28 DE AGOSTO, DAS 8 DA MANHÃ ÀS 14H, NO AUDITÓRIO DO COLÉGIO MANOEL DEVOTO CONFORME CARTAZ ACIMA. SERÁ, POIS, UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE PARA TODA A IMPRESSA DESSA CIDADE DIVULGAR, MASSIÇAMENTE, QUE NO NORDESTE DE AMARALINA ACONTECE E SE OFERECE EVENTOS CULTURAIS RICOS COMO ESTE.


PR. HENRIQUE COUTINHO

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

03 DE AGOSTO: DIA DO CAPOEIRISTA.

O Brasil, a partir do século XVI, foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico. Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formado. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira. Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência. Foi do campo para a cidade que a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de ‘ganho’ e dos frequentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá, a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha , que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros .




Raízes africanas:
A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na Àfrica , faziam muitas danças ao som de músicas.


No Brasil:
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães do mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.


Três estilos da capoeira:
A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
É merecido que o Capoeirista tenha um dia para ser comemorado, uma data para ser lembrada, afinal, a capoeira é praticada em mais de 150 países nos 5 continentes. Somente no Brasil são mais de 5 milhões de capoeiristas!
Fonte: http://clubeterra.atrativa.com.br/player/ana_sou123/blog/293480



MESTRE BIMBA: FUNDADOR E REI DA CAPOEIRA REGIONAL.



1.     Introdução



Manoel dos Reis Machado (1900-1974), Mestre fundador da capoeira regional. Destacou-se pelos serviços comunitários e sociais que executou, principalmente com crianças e adolescentes. Instituiu o núcleo de documentação, com mais de 5000 títulos sobre capoeira e assuntos relacionados.
          Bimba é “O grande rei negro do misterioso rito africano, símbolo de resistência                   afrodescendente no Brasil.”   



2.     Herança de Mestre Bimba:

“Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – nasceu em Salvador em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, Bahia e recebeu o seu apelido devido a uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser macho. Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “GANHEI A APOSTA O CABRA TEM BIMBA E CACHO”! O apelido já nasceu com ele. Foi iniciado na capoeira aos doze anos de idade por um africano – Bentinho -, capitão da Cia. Baiana de Navegação, no que é hoje o bairro da Liberdade.

Mestre Bimba
   
Sodré (1991, apud Campos 2001) refere-se ao Mestre dizendo: “foi uma das ultimas grandes figuras do que se poderia chamar de ciclo heróico dos negros da Bahia”. Segundo Capoeira (2006, p.50) Bimba era um lutador renomado e temido. Ganhou o apelido de “Três Pancadas” porque, segundo se dizia, era o Maximo que seus adversários agüentavam.



    Bimba ainda praticante de capoeira começou a ensinar em 1918, sendo seus alunos negros e mulatos das classes populares. Mas apesar da pouca idade (18 anos), possuía alunos também de classes privilegiada, como o Desembargador Décio dos Santos SEABRA, da família do ex-governador SEABRA ; Dr. Joaquim de Araújo Lima , jornalista (Imparcial e Nova Era) e mais tarde governador de Guaporé. Para estes e outros, as aulas eram particulares nos quintais e varandas de suas casas.
    Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua época, pois, era muito carismático, excelente lutador e temido por alguns, pois em inúmeros desafios e combates públicos, havia sido derrotado. Mesmo sendo um “cantador” e percussionista admirável, era discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador (por ter criado a Capoeira Regional), porém era muito venerado por seus alunos.
    Aos 29 anos de idade, o próprio Mestre Bimba contava: “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”. Assim nasceu a Capoeira Regional Baiana.
    Na década de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder e, procurando apoio popular para a sua política, que incluía a “retórica do corpo”, permitiu a prática (vigiada) da capoeira: somente em recintos fechados e com alvará da polícia. Mestre Bimba aproveitou a brecha e abriu à primeira “academia”, dando inicio a um novo período – o das academias – após o período de escravidão e de marginalidade (Capoeira 2006, p.51) Recebeu do inspetor técnico de Ensino Secundário profissional, o titulo de registro "que lhe requereu o Sr. Manoel dos Reis Machado, diretor do curso de Educação Física, sito à Rua Bananal, quatro.
    Bimba ao decorrer dos anos e de sua experiência foi moldando a capoeira de ataque e defesa usada por desordeiros e pessoas de classes mais humildes, numa luta com método de ensino próprio, tornando-a um verdadeiro curso de Educação Física e criando rituais como: Batizado, Formatura e Especialização, seguindo padrões sociais e acadêmicos, pela própria nomenclatura.
    Nos anos seguintes, Bimba teve grande sucesso. Em 1949, foi a São Paulo com seus alunos e realizou uma série de lutas com lutadores de outras modalidades. Em 1953, fez uma apresentação para Getúlio Vargas e recebeu o abraço do presidente, que afirmou que “a capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”.
    Antes de ir para Goiânia, Bimba formou sua última turma, uma formatura muito comentada chamada 'formatura do adeus', depois deste evento ele deixou a Bahia dizendo 'Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério. ' Depois que ele se foi veio a Salvador apenas duas vezes e dizendo que estava tudo bem, mas dona Nair nos disse 'ele foi enganado. Não volta porque é orgulhoso'. Em 05 de fevereiro de 1974 um ano depois que deixou a Bahia, morria o mestre Bimba e foi enterrado em Goiânia. Transladar os restos mortais de Goiânia para Salvador foi difícil, os seus alunos achavam que o lugar dele era Bahia "ídolo não se pertence, pertence ao seu Público”
    Bimba obteve grande luta contra as autoridades, porém não uma luta de carne ou sangue, mas de dignidade e respeito à capoeira e aos capoeiristas, sendo assim nos deixou de herança:
  • A sobrevivência da Capoeira;
  • A liberdade da Capoeira;
  • A profissionalização da Capoeira;
  • A metodologia da Capoeira;
  • O respeito da sociedade pela a capoeira;
  • Além disso, Mestre Bimba também conseguiu que ficasse evidente, através de sua própria vida, o desrespeito e o descaso das autoridades pela nossa cultura.








3.     Conclusão:
    Somos gratos ao nosso maior capoeirista, Mestre Bimba, por nos deixar de herança a capoeira como dança, luta, esporte, manifestação folclórica, estilo de vida, etc. Ressaltando que: Bimba jamais, em seus 56 anos de aula, feriu um aluno. Bimba deixava claro que não devia haver luta ao som do berimbau. Seria um desrespeito aos princípios e a Regional tem como um de seus pilares o respeito à integridade física e moral dos companheiros.
    Lembrando que: Mestre Bimba desafiou todos os capoeiristas e lutadores baianos da sua época e que ele venceu todas as lutas e só foi desclassificado em uma, por ter dado um galopante em seu oponente e colocado assim o adversário para fora do ringue. Mas o principal de tudo isso que deve ser ressaltado é que nunca o Mestre Bimba lutou ao som do berimbau. Luta era coisa para o ringue, afirmava ele.
    O presente estudo teve por objetivo apresentar um pouco da história de Mestre Bimba, que podemos considerá-lo um marco histórico na história da cultura brasileira, um divisor de águas, pois só depois dele foi dado o nome de Capoeira Angola e foi iniciado um movimento geral de resgate e preservação da cultura afro-brasileira em todos os seus âmbitos.
    Cabem a nós capoeiristas, amantes da capoeira, mestres e professores divulgar, apresentar e lutar contra os preconceitos ainda existentes, para que possamos garantir as gerações futuras a oportunidade e o direito de ter a história preservada.
Referências
  • CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: pequeno Manual do Jogador. 8ªed.- Rio de Janeiro: Record, 2006.
  • CAMPOS, Hélio. Capoeira na Universidade: uma trajetória de resistência. - Salvador: SCT, EDUFBA, 2001.
  • http://br.geocities.com/cccssa2000/sejabemvindo/bimba.html acessado em 08/05/2009, 14:30.
  • http://www.filhosdebimbasp.com.br, acessado em 08/05/2009, 14:35.



segunda-feira, 25 de julho de 2011

25 de julho: Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.

A data foi criada em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana, quando estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, sociedade civil e governo têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta as condições de opressão de gênero e étnico-raciais em que vivem estas mulheres.

O objetivo da comemoração do 25 de julho, portanto, é ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais. É um dia para ampliar parcerias, dar visibilidade à luta, às ações, promoção, valorização e debate sobre a identidade da mulher negra brasileira.

(Fonte: Afrokut)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

MANDELA DAY - DIA INTERNACIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS.


Mais de 12 milhões de estudantes sul-africanos cantaram o 'Parabéns para você' na manhã em que o líder da luta contra o apartheid na África do Sul, Nelson Mandela, comemora 93 anos. Repetindo o gesto realizado há anos, a ONU também pediu aos cidadãos do país que dediquem 67 minutos do seu dia a alguma causa humanitária para lembrar o tempo que Mandela se dedicou à luta contra o regime de segregação racial.
O ex-presidente sul-africano recebeu mensagens de diversos líderes mundiais, incluindo o atual presidente do país, Jacob Zuma, e o presidente dos EUA Barack Obama. Em um comunicado enviado no domingo, Obama elogiou Mandela e disse que o líder é "um farol para a comunidade global, e para todos que trabalham para democracia, justiça e reconciliação".

Em 2009, a ONU declarou o aniversário de Mandela como Dia Internacional das Nações Unidas. O chamado "Mandela Day" tem objetivo de incentivar as pessoas a assumir a responsabilidade de fazer do mundo um lugar melhor, dando um pequeno passo de cada vez.
Desde que saiu do hospital onde foi internado em janeiro com problemas respiratórios, Mandela permaneceu em sua residência, nos arredores de Johannesburgo, sob cuidados médicos. Nascido em 1918, ele passou 27 anos preso por sua luta contra o Apartheid.

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1993, ele foi, após o fim do regime de segregação, o primeiro presidente eleito democraticamente na África do Sul, governada por ele entre 1994 e 1999.


sábado, 2 de julho de 2011

2 DE JULHO: A VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NA BAHIA.

A comemoração do dia 2 de Julho é uma celebração às tropas do Exército e da Marinha Brasileira que, através de muitas lutas, conseguiram a separação definitiva do Brasil do domínio de Portugal, em 1823. Neste dia as tropas brasileiras entraram na cidade de Salvador, que era ocupada pelo exército português, tomando a cidade de volta e consolidando a vitória.
Entre todas as comemorações, a do ano de 1849 teve um convidado muito especial. O marechal Pedro Labatut, que liderou a tropas brasileiras nas primeiras ofensivas ao Exército Português, participou do desfile, já bastante debilitado e sem recursos financeiros, mas com a felicidade de homenagear as tropas das quais fez parte.Esta é uma data máxima para a Bahia e uma das mais importantes para a nação, já que, mesmo com a declaração de independente, em 1822, o Brasil ainda precisava se livrar das tropas portuguesas que persistiam em continuar em algumas províncias. Então, pela sua importância, principalmente para os baianos, todos os anos a Bahia celebra o 2 de Julho. Tropas militares relembram a entrada do Exército na cidade e uma série de homenagens são feitas aos combatentes.
Para chegar a este dia, muita luta foi travada...
O Brasil do início do século XVIII ainda era dominado por Portugal, enquanto o Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e a Bahia continuavam lutando pela independência. As províncias não suportavam mais a situação e, percebendo os privilégios que o Rio de Janeiro estava recebendo por ser a capital, Pernambuco e Bahia resolveram se rebelar.
Recife deu início a uma revolução anti-colonial em 6 de março de 1817. Esta revolução tinha uma ligação com a Bahia, já que havia grupos conspiradores compostos por militares, proprietários de engenhos, trabalhadores liberais e comerciantes. Ao saber desta movimentação, o então governador da Bahia, D. Marcos de Noronha e Brito advertiu alguns deles pessoalmente.
O governo estava em cima dos conspiradores e, devido à violenta série de assassinatos, muito baianos resolveram desistir. Com toda esta repressão, a revolução de Recife acabou sendo derrotada. Os presos pernambucanos foram trazidos para a Bahia, sendo muitos fuzilados no Campo da Pólvora ou presos na prisão de Aljube, onde grande personagens baianos também estavam presos.
Movimentação pela independência:
Diante das insatisfações, começaram as guerras pela independência. Os oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com esta atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a manifestação de 3 de Novembro de 1821.
Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória, mas foi impedida pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo coronel Francisco de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos continuavam intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.

Força portuguesa:
No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi modificada. E depois de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de Armas.
Os oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte resistência que envolveu muitos civis e militares.

Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as tropas portuguesas em prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de fevereiro, os portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro, inclusive o convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das tropas, mas acabou sendo morta.

Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as cidades do recôncavo. 
Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a independência das cidades e o fortalecimento do exército brasileiro. O coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de Mello.
Labatut organizou todo seu exército em duas brigadas e iniciou uma série de providências. Aos poucos o exército brasileiro veio conquistando novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.
Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e pretendia fechar o cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta atitude preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de Jesus Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de soldado do batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do Brasil.

Em maio de 1823, Labatut, em uma demostração de autoridade, ordenou prisões de oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava cometendo, e acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José Joaquim de Lima e Silva assumiu o comando geral do Exército e no dia 3 de Junho ordenou uma grande ofensiva contra os portugueses. Com a força da Marinha Brasileira, o coronel apertou o cerco contra a cidade de Salvador, que estava sob domínio português, restringindo o abastecimento de materiais de primeira necessidade. Diante destes fortes ataques e das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello enviou apelos e acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou em Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa no Brasil.

domingo, 1 de maio de 2011

Estudante negra da UNIJORGE, em Salvador, sofre agressão física durante Simpósio.

A estudante do quinto semestre de História do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE) da Bahia, Nairobe Aguiar, divulgou neste sábado (30) uma carta, em que afirma ter sido agredida fisicamente pelo também estudante, Lucas Pimenta, membro da organização do Simpósio de História “Pesquisa Histórica na Bahia”, na mesma faculdade.

Nairobe faz parte do movimento estudantil da Bahia e estava organizando conjuntamente com a coordenação do Curso de História da UNIJORGE, o Simpósio, mas que de repente, sem nenhuma justificativa plausível, foram retirados da organização do evento. Dois dias depois, ela foi até a UNIJORGE para participar do Simpósio, sendo impedida de assinar a lista de presença, que a faria ter direito ao certificado . “Todas as pessoas assinaram, na minha vez, a organização da atividade recolheu a lista, e eu perguntei num tom alto, no meio da palestra: por que vou assinar a lista lá fora, já que todos assinaram aqui dentro?”, questionou Nairobe.

Ao procurar Lucas Pimenta, organizador do evento, para pedir maiores explicações, ela foi agredida com um tapa no rosto. “Um tapa na cara vem em retaliação a um fato, mais insuportável ainda, para Lucas e demais membros da elite racista-sexista desse país: sou mulher negra, favelada, jovem e o represento num espaço onde o projeto genocida de Estado brasileiro historicamente reservou para o segmento branco”, diz a estudante em dos trechos da carta.

Confira na íntegra o conteúdo da carta aberta divulgada por Nairobe Aguiar.

Quando racismo e sexismo se encontram na UNIJORGE

Carta aberta ao Movimento Negro, Movimento de Mulheres Negras e Movimento Feminista

Comunico às organizações de Movimento Negro, Mulheres Negras e Feministas que eu, Nairobe Aguiar, estudante do quinto semestre de História UNIJORGE, Centro Universitário Jorge Amado, fui agredida com uma tapa na cara por um colega, componente da organização do Simpósio de História “Pesquisa Histórica na Bahia” na referida faculdade.

Inicialmente, estávamos organizando conjuntamente a coordenação do Curso, o Simpósio de História, que da noite para o dia, fomos tirados da construção, sob a justificativa de que o evento não deveria ter envolvimento do movimento estudantil, em tempo, de um dos palestrantes, e ainda, que não assinaríamos os certificados, visto o evento estar sob a responsabilidade da instituição.

No dia anterior ao fato, encontramos esse grupo de estudantes com a camisa de organização do evento (até então da universidade), fizemos algumas intervenções, falando sobre a institucionalização daquela atividade, proposta pelo movimento estudantil, e sobre a apropriação intelectual da mesma. Com efeito, isso causou um forte incômodo à organização do evento.

Quando cheguei à atividade, no dia seguinte, fui impedida de assinar a lista de presença, que me legitimaria a ganhar o certificado de carga horária do evento. Todas as pessoas assinaram, na minha vez, a organização da atividade recolheu a lista, e eu perguntei num tom alto, no meio da palestra: por que vou assinar a lista lá fora, já que todos assinaram aqui dentro?

Na mesma hora, todo mundo parou e me olhou. Esperei o evento acabar, chamei a coordenadora do curso para pedir explicação, a mesma não deu atenção, assim não comunique o ocorrido. Quando saí do evento, me dirigi até LUCAS PIMENTA, o agressor, e perguntei: posso assinar a lista? Ele disse: “você é muito mal educada!”. O interrompi, e falei: não quero te ouvir, só quero saber se posso assinar, caso contrário, vou conversar com a coordenação. E ele disse: “Você tá tirando muita onda, não é de agora que eu tô te aturando!” E me deu UMA TAPA NA CARA! Quando falei que Eu, oriunda do movimento negro, do movimento de mulheres negras, não deixaria barato, que iria acionar a lei Maria da Penha, ele se curvou e foi segurado pelos colegas ao tentar me dar murros.

Ao dizer, “você tá tirando muita onda,” em seguida, me agredir, o Sr Lucas Pimenta revelou um sentimento de insatisfação, não apenas de Lucas, mais de muitos(as) outros(as), diante do fato, de ser eu, mulher e negra, Coordenadora Acadêmica no CA de História da Jorge Amado. O fato de estarmos adentrando o espaço acadêmico por si só, já fez membros da elite branca, sobretudo, masculina, sentir-se ameaçada.

Um tapa na cara vem em retaliação a um fato, mais insuportável ainda, para Lucas e demais membros da elite racista-sexista desse país: sou mulher negra, favelada, jovem e o represento num espaço onde o projeto genocida de Estado brasileiro historicamente reservou para o segmento branco. Sei, que no fundo, a intenção de Lucas e outros racistas violentos, lotados na academia, não é apenas dar um tapa na cara de cada preta(o), mas barrar a nossa entrada e ascensão nesses espaços. Enfim, nos eliminar fisico-espiritualmente. É por isso, que o racismo e o machismo se articulam o tempo todo para impedir que pessoas como eu (preta estilo favela!) não possam representar uma pequena minoria do curso de história (brancos, e classe média). Atualmente, ocupo a posição de Coordenadora Acadêmica do Centro Acadêmico União dos Búzios, representação legítima dos estudantes do curso de história dessa Instituição – por isso, a agressão que sofri ganha um peso simbólico mais complicado. Estaria tudo bem, se eu ocupasse um lugar na senzala, se eu estivesse na favela, esperando a hora de visitar meu companheiro na prisão ou compondo manchete na página policial. Mas, como eu e várias (os) irmãos não nos curvamos, eles reagem dessa forma. Sei que a tapa na cara e a expressão “você tira muita onda,’ quer na realidade perguntar: “quem é você, sua neguinha ousada e Insolente? Tal episódio poderia acontecer com qualquer outra irmã que desafiasse confrontar politicamente um membro da elite branca desse país racista, machista e homofóbico

Por isso, conclamo meus irmãos e em especial às minhas irmãs, para amanhã, na extensão desta atividade, manifestarmos politicamente nosso repúdio. O Simpósio começa ás 18h:30. O procedimento legal está sendo encaminhado.

Espero não apenas uma resposta legal, mas que a Unijorge responda administrativamente com medidas reparatórias a esse caso de Violência contra a mulher.

Na fé!

Tamu juntu!