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"Agora é tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial e da discriminação para a pedra sólida da fraternidade." (Rev. Martin Luther King Jr.)

Sejam bem-vindos ao NEGOSPEL!

O que vem a ser o NEGOSPEL? - NEGOSPEL é um MOVIMENTO NEGRO EVANGÉLICO virtual e, ou, presencial cuja missão é de conscientizar os afrodescendentes e interessados no assunto quanto à sua historicidade, identidade, autovalorização e espaço tanto do ponto de vista histórico-teológico como étnico-sócio-racial lutando, assim, pela reparação nas áreas supra-citadas dentro de um recorte racial justo e verdadeiro ante às inúmeras injustiças resultantes na atual estratificação social. Portanto, continue conosco interagindo e divulgando nosso trabalho e muito obrigado pela sua visita!

Afroabraços,

Henrique Coutinho.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

"QUANDO EU CRESCER QUERO SER COMO MEU PAI!"

"QUANDO EU CRESCER QUERO SER COMO MEU PAI!" Essa foi a frase orgulhosa do garoto Joel Castro (in memorian) ao participar, como garoto propaganda, de uma filmagem da BAHIATURSA há um tempo atrás. Frase essa que denota, claramente, que imagem de figura paterna essa criança tinha do seu querido genitor. Prova cabal de que o 'Mestre Ninha' (assim conhecido no âmbito da capoeira) ou Sr. Joel era um referencial muito especial para o garoto Joel (10 anos), coisa que não se pode dizer de todos os pais de nossa sociedade, independente de classe social. Frase essa que se funde com uma outra similar: "quando eu crescer quero ser Mestre de Capoeira!" Portanto, o que se nota aqui é que 'Mestre Ninha' se notabilizou para seu filho tanto como uma referência paterna quanto como profissional. Que imagem maravilhosa uma criança tão especial como Joel levou para a eternidade ao lado do PAI CELESTIAL! Imagem de uma paternidade sadia, tranqüila, presente, responsável, amorosa, sensível, paciente, etc. O que não anula a imagem de uma mãe, também, querida, inteligente, dinâmica, lutadora, sensível, perseverante, ou seja, virtuosa como se percebe no caráter da Sra. Mirian Castro.

"QUANDO EU CRESCER QUERO SER COMO MEU PAI!" É uma voz que não se faz calar. Antes ecoa na mente e no coração da família enlutada e de todos nós que nos solidarizamos com essa causa.

"QUANDO EU CRESCER QUERO SER COMO MEU PAI!" É um sonho que não se faz interromper com a partida trágica e prematura do infante Joel. Antes tomará corpo, fôlego, ginga, vez e voz nas futuras ações e projetos que carregarão, não somente o seu NOME, mas ,sobretudo, a sua graça incomparável, o seu sorriso radiante, a sua força sobre-humana e sua paixão emocionante oriúndas de uma VISÃO DE FUTURO que traz, em seu bôjo, propostas, significados e projeções que, somente, através da "pureza da resposta da criança" poderemos concluir, mesmo em meio à dor da perda e do luto, que: "É A VIDA, É BONITA E É BONITA!" Uma vez que DEUS REVELA A SUA VONTADE ATRAVÉS DA PUREZA DA CRIANÇA, já que ELE MESMO ensinou através do Seu Filho Jesus Cristo que "se não nos fizermos como uma criança não entraremos no Reino dos Céus!" Portanto, é olhando para o exemplo deixado por Joel durante seus 10 anos de passagem por nosso meio que tiraremos preciosas lições pra nossa vida e conduta, já que ninguém tem nenhuma dúvida de que Joel era um menino diferente e muito especial para os pais, para os irmãos, para a família em geral, para os coleguinhas, enfim, para todos quantos com ele conviveram.

"QUANDO EU CRESCER QUERO SER COMO MEU PAI!" É uma frase forte e que mexe com todos nós que somos pais e que temos o privilégio de ouvir isso de nossos filhos, pois a nossa responsabilidade de ser exemplo pra eles aumenta ainda mais como é, também, a minha agradável experiência e de tantos outros pais que, vez por outra, somos surpreendidos com frases como essa.

Pr. Henrique Coutinho.
Coordenador da Comissão da Criança,
do Adolescente e da Juventude da
ANNEB-BA (Aliança de Negras e Negros
Evangélicos do Brasil).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

FAVELA ESTÁ SEMPRE NA MIRA DE QUEM DEVERIA NOS DAR PROTEÇÃO!

Em pleno século 21 nos deparamos com um verdadeiro genocídio de negros e pobres marginalizados pela sociedade e estigmatizados por um "poder público" que, ao invés de nos dar proteção, nos mata, nos estermina como nos tempos das senzalas e pós-abolição quando todo o investimento no poder bélico do Estado visava tão somente "coibir" a "vagabundagem" daqueles que eles diziam ter alforriado. Desde aquela época "os capoeiras", por exemplo, eram considerados como marginais, vagabundos e desordeiros da "ordem pública". Hoje, porém, apesar das conquistas adquiridas por esse povo sofrido, resistente e lutador que é o povo negro, a coisa ganhou uma roupagem, uma maquiagem e uma dimensão bem diferentes e maiores, embora a essência continue a mesma: DISCRIMINAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-RACIAL!!!

Todos os dias somos vistos e tratados por policiais despreparados como bandidos em potencial. Infelizmente é esse o olhar da maioria dos policiais que, ao adentrarem em nossos bairros, só conseguem ver em sua frente "suspeitos". Ou seja, "negros, mal vestidos e pobres moradores da favela". Devemos esse estígma, também, à massificação de uma certa imprensa midiática cuja abordagem chega a ser sádica, desumana, discriminatória, sórdida mesmo, no que tange ao trato e o "modus operandis" de negros e pobres da favela.

O caso do garoto Joel Castro abalou a todos nós que convivemos, diariamente, com essa triste realidade em nossos bairros chamados "populares". Diante disso, no próximo domingo (28/11) às 10h da manhã a comunidade estará realizando uma PASSEATA EM PROTESTO E REINVINDICAÇÃO ao Poder Público pela aceleração das investigações e punição dos culpados pela morte trágica do inocente Joel Castro (10 anos) abatido em seu próprio quarto por duas balas ditas "perdidas".

Estive com os pais do garoto ontem à tarde (24/11) e hoje pela manhã (25/11) a fim de dar meu apoio pastoral. Fiquei com o coração partido em ver, de perto, o sofrimento daquela família. É, de fato, uma perda irreparável. Pois tenho um filho de 9 anos e peço toda hora a proteção de Deus sobre a vida dele.

Não podemos mais aceitar que continuemos sendo resultado das estatísticas frias e desumanas do absurdo número de morte por homicídio (doloso ou culposo) de quem quer que seja. Principalmente por aqueles que são pagos pelo Estado a fim de nos dar proteção. Afinal, somos cidadãos, pagamos impostos e "temos o direito de ir e vir"! Ou não? Mas o que vemos, a cada dia, é que a FAVELA ESTÁ SEMPRE NA MIRA DE QUEM DEVERIA NOS DAR PROTEÇÃO!


Pr. Henrique Coutinho.
Coordenador da Comissão da Criança,
do Adolescente e da Juventude da
ANNEB-BA (Aliança de Negras e Negros
Evangélicos do Brasil).

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Salvador (BA) • Criança morre vítima de "bala perdida" dentro de casa (um dia depois do Dia da Consciência Negra)!

Um dos crimes no fim de semana foi resultado de uma ação policial desastrosa no bairro de Nordeste de Amaralina, em Salvador. Joel da Conceição Castro foi morto por uma bala perdida, aos dez anos de idade. Todos os nove policiais que participaram da ação foram afastados do serviço nas ruas e tiveram as armas recolhidas para serem periciadas.

O menino, que sonhava ser um mestre de capoeira, estava dentro de casa se preparando pra dormir. Entre parentes e amigos, revolta e dor.

“Ele era muito brincalhão. Não dá para esquecer isso. Ele discutia com a gente quando acontecia morte aqui, a gente falava como o mundo está de violência”, conta o amigo Vanderson Silva, 12 anos.

Foi a violência que acabou com a vida do melhor amigo de Vanderson. Joel morreu domingo, por volta das 23h durante uma ação de policiais militares.

“Não teve troca de tiros aqui na comunidade. Já chegaram atirando. Um aluno que a gente estava preparando para ir para à Europa. Os policiais interromperam essa viagem dele”, lamenta o mestre de capoeira Silvio Falcão.

As marcas de tiro estão em pelo menos cinco casas das duas ruas do Nordeste de Amaralina. Dois desses tiros atravessaram a janela no segundo andar da casa e atingiram Joel, que estava se preparando para dormir com o pai.

Ele estava preocupado comigo, com a irmã dele e acabou atingido. Eu fico mais revoltado porque eu pedi socorro a ele e eu acredito que eles são pais de família. Ele não deu socorro e eu perdi meu filho’, desabafa o pai Joel Castro.

Joel dividia o quarto com o pai. Ele estava perto da janela arrumando o colchão pra dormir quando os tiros assustaram pai e filho. Joel foi levado para o Hospital Geral do Estado, mas o garoto morreu no caminho. Joel chegou a gravar um vídeo institucional em que fala do sonho que nunca vai se realizar.

“Quando eu crescer, quero ser mestre de capoeira”, dizia o garoto na gravação.

Em protesto, a comunidade chegou a interditar as Avenidas Visconde de Itaboray e Manoel Dias da Silva por duas horas. Peritos estiveram na casa do garoto onde amigos não conseguem entender a violência.

“Eu não quero julgar, mas dá para provar que é uma polícia despreparada, que já chegou aqui brigando, gritando, desrespeitando os moradores. Eu clamo por justiça e eles vão pagar”, diz Mirian da Conceição, mãe de Joel.

(Fonte: Portal de Notícias do Brasil)

domingo, 21 de novembro de 2010

31ª MARCHA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - SALVADOR-BAHIA-BRASIL-2010.

Foram momentos de intensa emoção ver o povo negro pisando o solo histórico em que seus antepassados derramaram sangue, lágrimas e suor debaixo dos chicotes dos seus opressores!

Foram momentos de profunda reflexão a respeito de quão resistentes foram nossos antepassados diante de tamanhos sofrimento e humilhação que tiveram que passar a fim de sobreviver aos espenzinhamentos desumanos dos déspotas colonizadores!

Foram momentos de verdadeira constatação, tanto do potencial como do talento e tempêro únicos que possui o povo negro residente na cidade mais negra do Brasil e fora do Continente Africano que é nossa querida Salvador - Bahia!

Foram, também, momentos de extasiante manifestação de alegria ver o povo negro celebrar sua liberdade de expressão e auto-afirmação de seus valores étnico-racias, bem como a elevação de sua auto-estima!

Agradeço muito a Deus por me permitir vivenciar momentos históricos como os que vivi no dia 20 de novembro de 2010! E o que é melhor ainda: SENDO, NÃO SÓ PARTÍCIPE, MAS PARTE DA HISTORICIDADE ÉTNICO-RACIAL DESSE POVO LINDO QUE É O POVO NEGRO. TENHO ORGULHO DE SER NEGRO!!! SALVE O POVO NEGRO!!!

Pr. Henrique Coutinho.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA NEGRA É FEITA POR NEGROS CONSCIENTES (02)!

Tenho conversado com muitas pessoas sobre consciência negra e o que tenho percebido é uma total desinformação e, muitas vezes, desdém e desinteresse a
respeito do assunto.

O que se percebe é que, até mesmo, pessoas envolvidas em movimentos negros
demonstram uma compreensão muito superficial do que, de fato, seja CONSCIÊNCIA NEGRA.
O Dia da Consciência Negra, todos já sabem: é o Dia em que se relembra a trágica, porém, heróica morte de ZUMBI – “o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por esse padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.”

“O nome Palmares foi dado pelos portugueses, devido ao grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.”

Mas o que é ter Consciência Negra? Ter Consciência Negra vai muito além de olhar pra sua pele e enxergar a sua cor; vai muito além de “festejamentos” anuais que, não raras vezes, pra muitos, torna-se mais uma festa vazia de significado;
vai muito além de discursos acalorados de negro pra negro, mas que acaba não ganhando eco na sociedade ao redor; vai muito além da emissão de “palavras de ordem” e da reverberação percursiva dos tambores do Pelô.
Ter Consciência Negra é ter consciência do meu valor como indivíduo, como pessoa e como cidadão que ajudou e ajuda a construir a nossa história; é ter consciência da minha importância para mudanças significativas e duradouras, relevantes mesmo, na construção e consolidação deste país; é estar disposto e disposta a quebrar as correntes que nos prendem nos porões negreiros da baixa auto-estima lançando mão da nossa Carta de Alforria Emocional; é ser capaz de celebrar com alegria as conquistas dos irmãos e irmãs negros, tomando-os como exemplo para que façamos o mesmo; é ter a coragem de se impor e se valorizar diante da “Ditadura Neo-colonizadora de Plantão”; é, portanto, dentre outras dezenas de coisas, ter memória histórica e uma pré-disposição incansável e indesistível em desenvolver e consolidar a
nossa própria história! Pois, CONSCIÊNCIA NEGRA É FEITA POR NEGROS CONSCIENTES!


Pr. Henrique Coutinho.

Pastor Batista; Bel. em Teologia;
Profº de Ed. Física;
Psicanalista Clínico; Livre Pesquisador dos
Negros na Bíblia; Ativista Negro e
Membro da Diretoria da ANNEB-BA
(Aliança de Negras e Negros Evangé-
licos do Brasil).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA NEGRA É FEITA POR NEGROS CONSCIENTES!

Consciência negra – negro(a) consciente
Por Werner K.P. Kugelmeier
Mais uma questão de inteligência do que piedade empresarial

Dia da Consciência Negra: a cor ainda faz a diferença, também no mundo corporativo.

Os negros são raridade no mundo corporativo. O mercado de trabalho para os negros continua dramático. Dados do IBGE/Pnad indicam que as diferenças entre as raças não estão apenas na empregabilidade, mas também na remuneração. No Brasil, 70% das pessoas negras ou pardas compõem os 10% mais pobres. Quando se fala da fatia de 1% dos mais ricos do País, ela é composta por apenas 16% de pretos e pardos.

Sabemos que a raiz do problema está no erro de como ocorreu a abolição da escravatura. Os negros saíram das senzalas com uma mão na frente, outra atrás, entregues à própria sorte. Não tiveram sorte e passaram a viver em uma situação de marginalização, criando um exército de excluídos. O escravo não virou cidadão. Os negros ganharam a liberdade, mas continuaram sem ter direitos.

Como bem sabemos, quase tudo é uma questão de educação; as tentativas corretivas como cotas para negros nas universidades ainda são um tema muito polêmico.

No próximo dia 20 comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Para os que defendem ser esse um daqueles feriados inúteis, pelo menos tomem consciência de que os números continuam evidenciando um país veladamente racista. O preconceito é generalizado. No país dos desiguais, os pobres levam a pior. Se for pobre e negro, então...

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que dos 22 milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza 70% são negros. Além disso, dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e da Justiça atestam que o rendimento médio dos homens brancos é de 6,3 salários-mínimos; da mulher branca é de 3,6; do homem negro é de 2,9 e da mulher negra 1,7.

Apesar do percentual de empregados pretos e pardos ter aumentado de 8,5% para 13,7% e o de mulheres de 28% para 30,1%, eles ainda são minorias em cargos de chefia: apenas 4,3% de pretos e pardos e 16,4% de mulheres.

Ainda hoje a presença de negros no mercado de trabalho é desigual, sobretudo no primeiro escalão das grandes empresas. É o que indica a terceira edição da pesquisa Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, desenvolvida pelo Ibope Inteligência, em parceria com o Instituto Ethos.

Segundo os dados da pesquisa, a participação de negros no primeiro escalão das empresas nem sequer superou um ponto percentual. Mesmo no quadro funcional, no pé da pirâmide hierárquica, a igualdade de raças ainda está em 1,3%.

Aparentemente, o empresariado brasileiro continua refém do "olhar acostumado", em vez de avançar rumo a uma postura mais agressiva.

É importante entender que não se trata apenas de um problema social. O perfil predominante de brancos entre os colaboradores bate de frente com a demanda por diversidade cultural, que veio junto com a globalização.

As empresas deveriam entender a diversidade cultural como uma oxigenação do ambiente organizacional e como oportunidade de negócios. Brasil, um país abençoado com tanta diversidade cultural, simplesmente deixa de ganhar com mais dinamismo, mais debate, mais pluralidade e mais interação. Não faz sentido deixar espaço para os concorrentes terem políticas multiculturais, enquanto empresas brasileiras seguem monoculturais.

O Ibope Inteligência está estendendo as mãos às empresas consultadas para um debate de resultados, querendo propor ações afirmativas, cobrar a implementação dessas ações e apresentar mecanismos de controle e acompanhamento, ingredientes de um pacto multicultural. Por que recusar a participação?

Se não bastassem razões para isso, aqui mais um fato: o apartheid digital. O Mapa da Exclusão Digital de 2001 revela: entre os brasileiros que têm computador, 80% são brancos, 15% são pardos e 2,5% são pretos.

Uma outra data importante tem relação com as mulheres e, em especial, com as negras: é o dia 25 de novembro - Dia Internacional pelo Fim da Violência contra a Mulher. A violência atinge todas as mulheres, mas geralmente as de baixa renda e negras são as maiores vítimas. O racismo não deixa de ser uma violência também.

Nestes dias, no contexto da crise financeira, o mundo inteiro discute a criação de regras mais severas para a ética no mundo corporativo. O fim do apartheid racial nas empresas não merece constar de um item na agenda “Ética 2009”? Ou vamos “comemorar” o dia 20 de novembro de 2009 com a Ética financeira resolvida e a Ética racial pendente? O negro está consciente de que pode continuar contribuindo para criar riquezas financeiras – o branco não pode, pelo menos, entrar num jogo ganha x ganha mais equilibrado com o negro?

Sou branco – a Gerente Geral da minha microempresa é negra e minha esposa – oxigenando o nosso dia-a-dia...

De Werner K.P. Kugelmeier
wkprisma@wkprisma.com.br