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"Agora é tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial e da discriminação para a pedra sólida da fraternidade." (Rev. Martin Luther King Jr.)

Sejam bem-vindos ao NEGOSPEL!

O que vem a ser o NEGOSPEL? - NEGOSPEL é um MOVIMENTO NEGRO EVANGÉLICO virtual e, ou, presencial cuja missão é de conscientizar os afrodescendentes e interessados no assunto quanto à sua historicidade, identidade, autovalorização e espaço tanto do ponto de vista histórico-teológico como étnico-sócio-racial lutando, assim, pela reparação nas áreas supra-citadas dentro de um recorte racial justo e verdadeiro ante às inúmeras injustiças resultantes na atual estratificação social. Portanto, continue conosco interagindo e divulgando nosso trabalho e muito obrigado pela sua visita!

Afroabraços,

Henrique Coutinho.



terça-feira, 25 de maio de 2010

SEGUNDO ENCONTRO AFRO-LATINO EM SALVADOR-BA.

Começa no Brasil Encontro Afro-latino

Brasília, 25 de maio (Prensa Latina). Coincidindo com o Dia da África, começa hoje em Salvador, capital da Bahia, estado brasileiro, o segundo Encontro Iberoamericano de Ministros de Cultura para uma Agenda Afrodescendente nas Américas.

Com o objetivo de elaborar um plano de políticas públicas para a igualdade racial, os ministros de Cultura e outros representantes de 20 países da América Latina e do Caribe sessionarão até a próxima sexta-feira.

O segundo Encontro Afro-latino -como se denomina de maneira sintética- elaborará essas ações por meio de projetos e propostas de cooperação entre os participantes do evento, promovido pelo Ministério de Cultura, através da Fundação Cultural Palmares.

A reunião constitui um compromisso assumido em 2008, na primeira reunião efetuada em Cartagena, Colômbia, cuja declaração final, denominada Agenda Afrodescendente nas Américas, contribuiu a criar novos horizontes no programa multilateral de cooperação no campo cultural e foi determinante para que a Organização das Nações Unidas declarasse 2011 como Ano da Ascendência Africana.

Além dos ministros do ramo, à convocação de Salvador assistem representantes de organismos internacionais como a Organização dos Países Ibero-americanos, a Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização Internacional para as Migrações.

De acordo com o site do Ministério de Cultura, de maneira paralela à reunião ministerial se realizará o Encontro de Pensadores, que convocará agentes políticos, sociais e especialistas nas esferas de cultura negra da América Latina e do Caribe.

Essa reunião terá três eixos temáticos fundamentais: Memória histórica das comunidades afrodescendentes e da diáspora africana (seu significado; valor e visibilidade das narrativas históricas dos países).

Ademais, Comunicação e apropriação social da história e dos valores culturais dos afrodescendentes; e a força da diáspora africana como fonte inspiradora para estreitar laços de fraternidade, cooperação e unidade cultural entre os povos das Américas e seu futuro.

Oficinas de percussão e atividades artísticas farão parte também do segundo Encontro Afro-latino, enquanto uma das novidades da reunião será a apresentação do Observatório Afro-latino, um intercâmbio virtual (por internet) de conteúdos sobre as culturas das comunidades afro-latinas e caribenhas.

Criado pela Fundação Cultural Palmares, esse projeto tem o objetivo de compartilhar ideias e propostas de pensamento sobre a questão dos negros na região e pretende estar em permanente elaboração, com a ajuda de todos os empenhados na luta pelo reconhecimento da contribuição africana na construção de suas sociedades.

Dados oficiais refletem que na América Latina e no Caribe se concentra hoje uma população de 150 milhões de afrodescendentes e a diáspora africana na região representa cerca de 30 por cento da população total.

(Por Prensa Latina - Agência Informativa Latino Americana)

SALVE O DIA DA ÁFRICA!

Hoje é dia de África

Luanda – O "continente negro" celebra hoje , 25 de Maio, 47 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.
O ato constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.
No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").
Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.
O dia representa também um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.
A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.
Entretanto, de todos esses pressupostos, é facto reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.
Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática.
A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto os golpes de estados e as guerras civis no continente.
Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.
Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.
Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.
Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que em 1963 criaram a OUA.
Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.
Apesar de se registarem actualmente em África alguns conflitos de carácter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.
De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Leshoto, Marrocos e Swazilândia.
Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.
A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra. Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.

É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com aproximadamente 800 milhões de habitantes.

Basicamente agrário, pois cerca de 63 porcento da população habita no meio rural, enquanto somente 37 % mora em cidades. No geral, é um continente que apresentando baixos índices de desenvolvimento económico.
O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um porcento do produto mundial. Grande parte dos países possui parques industriais poucos desenvolvidos, enquanto outros nem sequer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.

O principal bloco económico é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), formada por 14 países: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.
Para saudar a data, que se comemora este ano sob o lema "2010, ano da paz e da segurança", realizam-se em Angola várias actividades, destacando-se o colóquio internacional, dedicado "A Paz e Segurança em África", a realizar-se no Centro de Convenções Talatona, em Luanda.
(Por Efeméride)


Sem dúvida alguma, esta é uma data que precisa ser relembrada e celebrada, pincipalmente, pela comunidade AFRODESCENDENTE. Mas não somente isso, precisa ser disseminada nos calendários e currículos escolares, universitários; viabilizada e veiculada através dos meios de comunicação; ensinada nas mesas e sofás familiares tanto quanto outras datas importantes como, por exemplo, O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.
O DIA DA ÁFRICA é história! É parte da minha, da sua, da nossa história! Uma data carregada de profunda significação e exemplo de união em prol da RESISTÊNCIA a toda a espécie de colonização aviltante e descaracterizante da cultura do segundo maior continente do mundo. Portanto, cabe-nos proclamar a nossa história, reproduzir seus bons propósitos e reafirmar nossas raízes.
SALVE O DIA DA ÁFRICA!
Pr. Henrique Coutinho.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

DESMASCARANDO A FARSA DA LEI ÁUREA!

HOJE, 13 DE MAIO, AO INVÉS DE RATIFICARMOS MAIS UMA MENTIRA HISTÓRICA COMO A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, É UM DIA DE PROTESTO CONTRA A FORMA QUE OS NEGROS FORAM LARGADOS "SEM EIRA NEM BEIRA" A PARTIR DA CHAMADA "LEI ÁUREA", BEM COMO UM DIA DE PROTESTO CONTRA O RACISMO QUE PERMANECE EM NOSSO PAÍS DE FORMA VELADA, CÍNICA E SOFÍSTICA! HOJE NÃO É DIA DE COMEMORAÇÃO, É DIA DE CHORO E LAMENTO. CHORO E LAMENTO PORQUE NOSSOS IRMÃOS NÃO FORAM RESPEITADOS COMO CIDADÃOS, MAS TRATADOS COMO OBJETOS DESCARTÁVEIS QUE LOGO DARIAM LUGAR A INTERESSES POLÍTICO-COMERCIAIS IMPOSTOS PELA INGLATERRA. VEJA O QUE ESCREVEU O FREI DAVID OFM (Diretor-executivo da Educafro - Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes):


"A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, não passa de uma farsa". Em artigo inédito, o diretor-executivo da Educafro, Frei David Santos Ofm, exemplifica a promulgação de sete atos oficiais, envolvendo o destino da população negra, que vão desde a implantação da escravidão à reabertura do país às imigrações européias.

Há 503 anos, o Brasil foi invadido por colonizadores europeus, com o objetivo de enriquecimento de setores da Europa. Para isso, seria necessário muito trabalho pesado. A solução encontrada foi a oficialização da escravidão no país como política econômica. Assim, as relações raciais e sociais foram contaminadas e, até hoje, estamos colhendo seus malefícios.

Com o passar dos anos, uma série de atos oficiais foi sendo promulgada. Por trás da capa de inclusão e solidariedade para com a população negra escravizada estava o objetivo de beneficiar os senhores das riquezas, das terras e do direito de vida e morte sobre os afro-brasileiros. Mais do que isso, a grande intenção da sociedade branca era excluir, marginalizar, afastar o negro do direito à terra, à educação, aos cuidados na infância e na velhice.

A Lei Áurea não é elencada entre os sete atos, porque podemos considerá-la nula. Na prática, quando foi assinada, só 5% do povo negro viviam sob regime de escravidão. Os demais tinham conseguido a libertação por meio dos próprios esforços. Podemos dizer, no máximo, que serviu como estratégia para dar à população negra respaldo de libertação jurídica. Não teve como preocupação fixar as comunidades negras na terra e garantir as terras nas quais já viviam, reconhecida pelas próprias leis dos dominantes.
Após a promulgação da Lei Áurea surgiu um movimento exigindo que o governo indenizasse os senhores que haviam perdido seus escravos. Rui Barbosa reagiu dizendo: "Se alguém deve ser indenizado, indenizem os escravos!". Tinha plena consciência das injustiças cometidas pela sociedade contra o povo negro. Hoje, na Uerj, muitos brancos abriram processos na justiça exigindo indenização (outra vaga) por "ter perdido" sua vaga para um negro. Quase nada mudou: trata-se o negro, ainda hoje, como "um sem direitos".

E O QUE DIZER DESTE RICO RELATO HISTÓRICO DO JORNALISTA LEONARDO SAKAMOTO (Coordenador da ONG Repórter Brasil, é jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo)?


Por que a Lei Áurea não representou a abolição definitiva?

O fim da escravidão legal no Brasil não foi acompanhado de políticas públicas e mudanças estruturais para a inclusão dos trabalhadores. Por isso, os escravos modernos são herdeiros dos que foram libertados em 13 de maio de 1888.

Em 2010, comemora-se os 122 anos da Lei Áurea, quando o Estado brasileiro passou a considerar ilegal o direito de propriedade de um ser humano sobre outro. Contudo, o ato da princesa Isabel não foi a causa do fim do regime escravista no país, mas o final (postergado, ao máximo) de um processo que começou com a proibição do tráfico negreiro entre a África e o Brasil. E contou com a instituição de garantias prévias para que os proprietários rurais tivessem mão-de-obra farta e à disposição mesmo após a assinatura que condenou o trabalho escravo à ilegalidade. Para entender esse processo, portanto, é necessário voltar no tempo e recoorrer aos acontecimentos do início do século 19. Não apenas àqueles decorrentes da mudança da família real para o Brasil, mas também à expansão da Inglaterra industrial pelo mundo.

Com a invasão das tropas napoleônicas, a Coroa portuguesa dependia dos ingleses para retomar o seu país e garantir sua própria segurança no Rio de Janeiro, além da proteção de suas colônias. Não é de se estranhar, portanto, que a Inglaterra, interessada em tornar o Brasil e as colônias espanholas do Prata e do Pacífico mercados para seus produtos manufaturados e fontes baratas de matérias-primas, pressionasse por melhores condições comerciais. O Tratado de Navegação e Comércio, assinado em 1810, dois anos após a abertura dos portos às nações estrangeiras, foi instituído nesse sentido. Por um tempo, os ingleses passaram a usufruir de uma taxa de importação (15%) menor que a própria taxa imposta aos produtos portugueses (16%).

Junto com esse acordo foi assinado outro entre as duas coroas. Pelo Tratado de Aliança e Amizade, Portugal se comprometia a limitar o tráfico de escravos entre suas colônias. A bem da verdade, isso não causou grande impacto na economia brasileira, pois o comércio português de escravos já estava restrito aos seus próprios domínios na África. Mas foi um dos primeiros indícios do que viria a ser o comportamento inglês nas décadas seguintes. Prova disso é que, no Congresso de Viena, cinco anos mais tarde, pressionado pelos ingleses, Portugal concordou em proibir o tráfico de seres humanos em regiões acima da linha do Equador. O que colocava de fora desse sistema comercial um dos principais fornecedores de mão-de-obra para o Brasil, a Costa da Mina, na África Ocidental. O acordo veio ganhar "força de lei" após a inclusão das canhoneiras ao papel assinado, por meio de uma cláusula adicional, inserida anos mais tarde, que dava à Inglaterra o direito de abordar em alto-mar embarcações suspeitas de transportar cativos e de apreendê-las.

A despeito dos acordos internacionais, tanto a Coroa portuguesa quanto o governo imperial brasileiro que a sucedeu não tornaram efetivas essas promessas para encerrar o tráfico. A Inglaterra, que teve um papel de mediação no processo de independência do Brasil, continuou pressionando a nova administração por medidas duras para acabar com o tráfico negreiro. Exigiu em um tratado de 1826, ratificado em 1827, que o país proibisse o comércio humano em três anos. Em 1831, o Brasil realmente promulgou a lei que proibiu o tráfico de pessoas da África e declarou livre os cativos que desembarcassem nos portos do país após aquela data. É claro que a lei permaneceu como letra-morta em função do fortalecimento da influência dos proprietários rurais após a abdicação do imperador Pedro I no mesmo ano.

Pois, como afirmou Caio Prado Júnior, a escravidão constituía a mola mestra da vida no país, repousando sobre ela todas as atividades econômicas. A produção nacional, voltada para atender às necessidades de gêneros alimentícios (como o café) e matérias-primas para uma Europa em plena marcha industrial, dependia do trabalho servil. Em decorrência disso, por mais que houvesse um crescente descontentamento da opinião pública esclarecida com o trabalho escravo, era enérgica a defesa de sua manutenção pelo setor produtivo. Afinal de contas, não havia no horizonte visível uma opção (que não desmontasse o sistema) para substituir esse tipo de mão-de-obra. E a importação era a única forma de suprir o aumento da demanda por força de trabalho e mesmo sua reposição, haja vista que a reprodução da mão-de-obra escrava em cativeiro era insignificante.

Na sociedade escravista, o trabalhador não possuía a propriedade de sua força de trabalho. Não tinha liberdade para vendê-la a quem garantisse melhores remuneração ou condições de subsistência, estando atado a uma pessoa ou empresa pelo tempo de sua vida. Era mercadoria. E, por ser mercadoria, também era patrimônio. A riqueza de um homem era comumente medida pela quantidade de escravos que possuía. Mas um patrimônio com natureza diferente, comprado pelo fazendeiro em um mercado de força de trabalho, do qual aquele acaba por ser dependente e refém.

O escravo-mercadoria se tornava objeto de lucro pelo comércio internacional antes mesmo de começar a produzir. Ao investir determinada soma de dinheiro na compra de força de trabalho, um fazendeiro tinha em mente que ele teria que buscar um retorno equivalente ou superior à quantidade de recursos necessários para a manutenção da mão-de-obra somada aos recursos que ele investiu em sua compra mais a taxa de juros que ele ganharia caso investisse o mesmo valor no mercado. Caso contrário, o negócio não valeria a pena.

Na primeira metade do século 19 já era possível prever que o fim da escravidão era apenas uma questão de tempo no Brasil. Tanto as pressões externas quanto internas apontavam para uma mudança no tipo da força de trabalho utilizada na produção, o que, sem dúvida nenhuma, era condição fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. A dúvida seria como e quando essa mudança aconteceria e a qual custo - toda alteração no curso de um sistema tem um custo, que é ponderado no momento de tomar decisões de adoção de políticas por gestores. Um fator interno que contribuiu para que esse balanço de fatores pendesse para o fim do tráfico foi a situação exposta acima pelo sociólogo José de Souza Martins. Os comerciantes de escravos haviam se tornado proeminentes figuras financeiras, tendo os proprietários rurais do país como seus devedores. A sujeição econômica a essa classe, que já não gozava de boa reputação e imagem pela sociedade, trazia insatisfação aos produtores.

Vale lembrar que, externamente, o país já enfrentava problemas com a abordagem internacional de seus navios, sendo eles transportadores de escravos ou não. A justificativa de impedir o tráfico era usada mesmo quando as embarcações estavam de acordo com o acordos ingleses. Em 1845, o parlamento inglês aprovou o Bill Aberdeen, declarando legal o aprisionamento de qualquer embarcação utilizada no tráfico e a sujeição de seus ocupantes ao julgamento por pirataria. Os navios eram caçados não apenas em alto mar, mas também em águas abrigadas do Brasil e nos seus portos.

Em 1850, o governo brasileiro finalmente adota ações eficazes para coibir o tráfico transatlântico de escravos, com a adoção de leis e ações. Os resultados puderam ser sentidos rapidamente: em 1849, 54 mil escravos entraram no país. O número caiu para 23 mil em 1850, 3 mil em 1851, pouco mais de 700 em 1852, para acabar então definitivamente.

Nos anos seguintes, foram tomadas medidas que libertaram crianças e sexagenários. O que, na verdade, serviu apenas como distrações para postergar o fim da escravidão. Os escravos que conseguiam chegar aos 60 anos já não tinham condições de trabalho e eram um "estorvo" financeiro para muitos fazendeiros que os sustentavam. Já os filhos dos escravos não possuíam autonomia para viver sozinhos. Muitos, até completarem 18 anos, foram tutelados (e explorados) pelos proprietários de seus pais. Além disso, uma corrente de tráfico interno vendia escravos do Nordeste para suprir a crescente produção de café no Sudeste.

Mas, por mais que fosse postergada, com o fim do tráfico transatlântico, a propriedade legal sob seres humanos estava com os dias contados. Em questão de anos, centenas de milhares de pessoas estariam livres para ocupar terras virgens - que o país tinha de sobra - e produzir para si próprios em um sistema possivelmente de campesinato. Quem trabalharia para as fazendas? Como garantir mão-de-obra após a abolição total?

Vislumbrando que, mantida a estrutura fundiária do país, o final da escravidão poderia representar um colapso dos grandes produtores rurais, o governo brasileiro criou meios para garantir que poucos mantivessem acesso aos meios de produção. A Lei de Terras foi aprovada poucas semanas após a extinção do tráfico de escravos, em 1850, e criou mecanismos para a regularização fundiária. As terras devolutas passaram para as mãos do Estado, que passaria a vendê-las e não doá-las como era feito até então.

O custo da terra começou a existir, mas não era significativo para os então fazendeiros, que dispunham de capital para a ampliação de seus domínios - ainda mais com os excedentes que deixaram de ser invertidos com o fim do tráfico. Porém, era o suficiente para deixar ex-escravos e pobres de fora do processo legal. Da mesma forma, a lei proibia que imigrantes que tiveram suas passagens financiadas para vir ao Brasil (ato comum na política de imigração) comprassem terras até três anos após a sua chegada. Ou seja, mantinha a força de trabalho à disposição do serviço do capital.

Os preceitos da lei não foram necessariamente respeitados, principalmente por quem possuía recursos para isso. Afinal, ela não havia sido criada para impor ao capitalismo brasileiro um problema, mas sim garantir o seu florescimento. De acordo com Emília Viotti da Costa, os ocupantes de terras e os possuidores de títulos de sesmarias ficaram sujeitos à legitimação de seus direitos, o que foi feito em 1854 através do "registro paroquial". O documento validava a ocupação da terra até essa data. Com isso nasceu uma indústria da falsificação de títulos de propriedades, com a participação de cartórios. Familiar aos proprietários de terra, os procedimentos para isso eram inatingíveis ao ex-escravo ou ao imigrante, por desconhecimento ou falta de recursos financeiros para subornar alguém.

Com o trabalho cativo, a terra poderia estar à disposição para livre ocupação. Porém, com o trabalho livre, o acesso à terra precisava ser restringido. A existência de terras livres garante produtores independentes e dificulta a centralização do capital e da produção baseada na exploração do trabalho. Com o fim do tráfico e o livre mercado de trabalho despontando no horizonte, o governo brasileiro foi obrigado a tomar medidas para impedir o acesso à terra, mantendo a mão-de-obra reprimida e alijada de seus meios de produção.

Dessa maneira, a Lei de Terras, nascida do fim do tráfico de escravos, está na origem da atual exploração do trabalhador rural e, portanto, da escravidão contemporânea. As legislações que se sucederam a ela e trataram do assunto apenas reafirmaram medidas para garantir a existência de um contingente reserva de mão-de-obra sem acesso à terra, mantendo baixo o nível de remuneração e de condições de trabalho. Com a Lei de 1850 estava formatada uma nova estrutura - em substituição àquela que seria extinta em maio de 1888 - para sujeitar os trabalhadores.

Porém, ela também resolveu outro problema crucial: ao dificultar o acesso e legalizar a posse, criou valor para algo que até então não o possuía - a terra. Como não era um objeto passível de ser comercializado, a fazenda consistia, em um primeiro momento, no locus onde ocorria a exploração e, dali em diante, no trabalho acumulado dos escravos - traduzido em mercadorias e benfeitorias. Martins explica que a lei possibilitou, dessa forma, a transferência da garantia dada ao mercado de crédito da propriedade dos escravos para a propriedade da terra. Esse momento é decisivo. O trabalho, liberto da condição de renda capitalizada, deixa de fazer parte do capital para se contrapor a ele. Não era mais preciso comprar a capacidade de gerar riqueza: com o fim do direito à propriedade privada sobre seres humanos, o capital também ganha a liberdade. Com a diferença de que poderia usufruí-la melhor do que os antigos escravos.

No dia 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea, o Estado deixou de reconhecer o direito de propriedade de uma pessoa sobre outra. Contudo, isso não significou que todas as relações de trabalho nas sociedades regidas pelo capital passariam a ser guiadas por regras de compra e venda da força de trabalho mediante assalariamento, com remuneração suficiente para a manutenção do trabalhador e de sua família. O fim da escravidão não representou a melhoria na qualidade de vida de muitos trabalhadores rurais, uma vez que o desenvolvimento de um número considerável de fazendas continuou a se alimentar de formas de exploração semelhantes ao período da escravidão. Não apenas no momento da acumulação primitiva originária - historicamente realizada através de recursos naturais e da força de trabalho - mas ao longo do tempo, como forma de garantir uma margem de lucro maior ao empreendimento ou mesmo lhe dar competitividade para a concorrência no mercado.

Dois casos de utilização de formas de exploração semelhantes ao trabalho escravo, mas que não envolvem propriedade legal de um ser humano sobre outro, tornaram-se referência no pós-Lei Áurea. O primeiro é o dos nordestinos levados a trabalhar na florescente indústria da borracha na Amazônia. O segundo o dos colonos estrangeiros trazidos para as fazendas de café do interior do Estado de São Paulo. Pela descrição da situação, é possível constatar que há um padrão na forma de exploração desses trabalhadores, que continua praticamente o mesmo nos dias de hoje - a servidão por endividamento ilegal. Como esse padrão se repetia em diversos países, ele foi objetivo de discussões internacionais e definido em convenções da Organização Internacional do Trabalho.

Após 1850, as exportações de borracha cresceram no Brasil devido ao aumento na demanda internacional pelo produto após o desenvolvimento do processo de vulcanização, que aumentou a sua resistência e ampliou as possibilidades de moldagem. Entre 1881 e 1890, representava 8% do total de exportações do país e ocupava o terceiro lugar entre os produtos mais vendidos. Vinte anos depois (1901-1910), a borracha passou a 28% do total de exportações. Isso levou o luxo à região amazônica, onde estavam concentrados os seringais - riqueza esta extraída do trabalho de migrantes nordestinos, muitos deles fugidos da seca que atingiu o Nordeste entre 1877 e 1880. O relato de Caio Prado Júnior vale para aquela época, mas descreve esse padrão que continua até os dias de hoje:

"As dívidas começam logo ao ser contratado: ele adquire a crédito os instrumentos que utilizará, e que embora muito rudimentares, estão acima de suas posses em regra nulas. Freqüentemente estará ainda devendo as despesas de passagem desde sua terra nativa até o seringal. Estas dívidas iniciais nunca se saldarão porque sempre haverá meios de fazer as despesas do trabalhadores ultrapassarem seus magros salários. E quando isto ainda não basta, um hábil jogo de contas que a ignorância do seringueiro analfabeto não pode perceber, completará a manobra. Enquanto deve, o trabalhador não pode abandonar o seu patrão credor; existe entre os proprietários um compromisso sagrado de não aceitarem a seu serviço empregados com dívidas para com outro e não saldadas". E utilizava-se a força para manter o trabalhador no serviço.

Com o final do tráfico negreiro, deu-se o início da implantação de regimes de parceria em várias fazendas de café, trazendo colonos europeus para o serviço. Vale lembrar que a escravidão não era apenas um modo de produção. Ela estava historicamente enraizada em toda sociedade, que girava em torno dela. Portanto, era claro que a relação fazendeiro/escravo demoraria a ser substituída pela patrão/empregado tanto ideologicamente quanto na prática - ou talvez que nunca venha a se realizar plenamente. Um exemplo citado por José de Souza Martins é o da firma Vergueiro & Cia, que contratou imigrantes para executar o serviço:

"Na parceria, conforme o contrato assinado com os colonos suíços, "vendido o café por Vergueiro & Cia pertencerá a estes a metade do seu produto líquido, e a outra metade ao (...) colono. Entretanto, o parceiro era onerado em várias despesas, a principal das quais era o pagamento do transporte e gastos de viagem dele e de toda a sua família, além da sua manutenção até os primeiros resultados do seu trabalho. Diversos procedimentos agravavam os débitos, como a manipulação das taxas cambiais, juros sobre adiantamentos, preços excessivos cobrados no armazém (em comparação com os preços das cidades próximas), além de vários abusos e restrições que, no caso da [fazenda] Ibicaba, logo levaram a uma rebelião. Esses recursos protelavam a remissão dos débitos dos colonos, protelando a servidão virtual em que se encontravam".

O colono não entrava no mercado de trabalho livre para vender sua força. E se estivesse insatisfeito com o patrão, teria que procurar outro que comprasse suas dívidas. Perante a lei, estavam livres, contudo, economicamente, eram similares a escravos. A experiência da Vergueiro & Cia gerou insatisfação por parte dos colonos, temor por parte dos fazendeiros que receavam que insurreições como a ocorrida nessa fazenda em 1856 se repetissem e mesmo desconfiança de outros países fornecedores de mão-de-obra. Situações como essa se repetiram ao longo de décadas até que a prática da imigração para o colonato estabelecesse um modus operandi que contou com a participação do governo. Este passou a subvencionar o transporte dos estrangeiros de seu país de origem até o Brasil, diminuindo os problemas com o endividamento. Os colonos esperavam obter no trabalho das fazendas de café recursos suficientes para adquirirem sua própria terra. O colonato passou a ser visto, e incentivado, como uma etapa necessária para independência econômica.

A exploração degradante e ilegal do trabalho continuou. Ao analisar a situação do colonato do café entre o final do século 19 e início do século 20 no Brasil, Martins afirmou que a propriedade capitalista da terra assegurava ao fazendeiro a sujeição do trabalho e, ao mesmo tempo, a exploração ilegal de seres humanos.

Apesar de trabalharem para a fazenda, os colonos atuavam como arrendatários, ficando cada grupo com um pedaço da fazenda, cuidando do cafezal e entregando o produto para o proprietário da terra. Para isso, eram remunerados abaixo do valor do seu serviço e de forma insuficiente para garantir sua subsistência, tendo que utilizar as terras entre os cafezais ou próximas deles para produzir seus alimentos. O trabalho absorvido na formação da fazenda de café era convertido em capital na forma de cafezais. Dessa forma, ela produzia a partir de relações não-capitalistas de produção boa parte de seu capital.

Durante todo o século 20, a servidão por dívida utilizada contra os seringueiros e os primeiros imigrantes do café consolidou-se como uma das formas empregadas para reprimir a força de trabalho nas situações de expansão do capital sobre formas não-capitalistas de produção. Não há estimativas confiáveis do número de escravos no país hoje. Alguns levantamentos falam de 25 mil, outros de 40 mil. O fato é que de 1995 até hoje, mais de 30 mil pessoas já foram libertadas em operações dos grupos móveis de fiscalização do governo federal, responsáveis por apurar denúncias e libertar trabalhadores.

Para além dos efeitos da Lei Áurea que completa 120 anos, trabalhadores rurais do Brasil ainda vivem atualmente sob a ameaça do cativeiro. Mudaram-se os rótulos, ficaram as garrafas. Marx afirmava que o "morto apodera-se do vivo". Com base na permanência da escravidão sob outras formas, constata-se que não são apenas as velhas formas que se inserem nas novas, mas as novas recorrem às velhas sempre que possível.

DIANTE DISSO TUDO, MAIS DO QUE NUNCA, A COMUNIDADE NEGRA E AFRODESCENDENTE PRECISA SE CONSCIENTIZAR DA PREMENTE NECESSIDADE DE SE UNIR E ENGROSSAR AS FILEIRAS DA RESISTÊNCIA A TODO E QUALQUER TIPO DE REPRESSÃO E SEGREGAÇÃO RACISTA E ESCRAVAGISTA DISFARÇADAS POR UM DISCURSO FILOSÓFICO QUE DIZ QUE "O PROBLEMA NO BRASIL NÃO É RACIAL, E SIM, SOCIAL", TUDO PRA MASCARAR A VERDADEIRA FACE DOS DÉSPOTAS DO SÉC. XXI.

Pr. Henrique Coutinho.

sábado, 8 de maio de 2010

A ORIGEM DO DIA DAS MÃES.

Dentre as grandes datas recordativas de nobres vultos e feitos heróicos, uma a todas sobreleva pelo seu profundo significado: é o "Dia das Mães".

Neste dia, tão cheio de gratas evocações e doces reminiscências, a humanidade cristã põe de parte os afazeres costumeiros para tributar sincera oblação ao ente querido que nos deu o ser.

Muita justiça e mérito há nessa homenagem. Se a gratidão fenecesse em todo coração humano, quão árida e escabrosa seria a senda do existir!

A abnegação materna desperta em nós o reconhecimento, o respeito, e nos leva a admirar o grande amor de Deus por nós, suas criaturas. Bendita e luminosa idéia a daquela jovem que com sua nobre iniciativa nos legou o "Dia das Mães"!

Remontemos por alguns instantes à origem dessa solenidade.

A comemoração do Dia das mães teve origem nos Estados Unidos, em 1907, quando Ana Jarvis, de uma pequena cidade de West Virgínia, resolveu comemorar o primeiro aniversário da morte de sua mãe. Isso foi no mês de maio. Continuou fazendo o mesmo nos anos seguintes, e a população da cidade foi imitando o costume.

Sugeriram às autoridades que estabelecessem uma data especial para se comemorar o Dia das Mães em todo o território americano. Assim, em 1914, o presidente americano Thomas W. Wilson oficializou o Dia das Mães no segundo domingo de maio.

Em maio de 1918, pela primeira vez no Brasil, a Associação Cristã de Moços festejou em Porto Alegre o Dia das Mães. A data continuou a ser comemorada em vários lugares do Brasil, até que, em 1932, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto-lei determinando a comemoração oficial do Dia das Mães em nosso país no segundo domingo de maio. Hoje, a data é comemorada em todo o mundo cristão.

Em 1947, a Igreja católica adotou a mesma data como Dia das Mães.

No Dia das Mães, querido leitor, vamos orar ao Senhor para que as cubra de ricas e copiosas bênçãos do alto, para que a graça divina a acompanhe, ao cumprir sua nobre missão, a missão de formar caráteres!

Em 365 dias, mães, mereçam um dia festivo.

Então, boa festa, mamães!!! Felicidades

Abraços Com Amor
Ligia Barreto


Transcrevo e posto este texto de Lígia Barreto aqui como forma, não só de informação, mas, sobretudo, de homenagem à TODAS AS MÃES QUE ENTENDERAM E ACEITARAM a nobre missão e sacerdócio de conceber, dar à luz, criar, educar e formar o caráter dos seus filhos nos moldes do Evangelho de Cristo.
Deus continue abençoando a todas vocês!!!

Pr. Henrique Coutinho.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"O QUE VAI SOMAR NA VIDA? O PERIFÉRICO OU O ESSENCIAL?"

Eclesiastes 12:

8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.
9 E, quanto mais sábio foi o pregador, tanto mais ensinou ao povo sabedoria; e atentando, e esquadrinhando, compôs muitos provérbios.
10 Procurou o pregador achar palavras agradáveis; e escreveu-as com retidão, palavras de verdade.
11 As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos, bem fixados pelos mestres das assembléias, que nos foram dadas pelo único Pastor.
12 E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.
13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.
14 Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.

Uma das palavras que mais aparece no livro de Eclesiastes
é 'havel' (vaidade) cujo significado é vanidade, nulidade, vapor, etc., dando sempre a conotação de transitoriedade, fragilidade, do aspecto efêmero da vida.

Sempre que leio este texto sou, inevitavelmente, remetido às várias correntes teológicas pós-modernas que têm se manifestado através de seus apologetas todos "convictos" de que o seu ponto-de-vista seria o mais correto e, portanto, o mais plausível.
Sejam leigos ou letrados, indoutos ou intelectualizados, teólogos, achólogos ou "té-logos" - todos se arvoram e se autoproclamam detentores da verdade.

Salomão é quem tinha a razão: "TUDO É VAIDADE!" Tudo é vão; tudo é nulo; tudo é efêmero; tudo é transitório; inclusive o personalismo religioso-denominacional; o intelectualismo arrogante ensimesmado; a ignorância espiritualista pretenciosa; a alienação pietista-platônica, dentre outros.

Discursos vazios de Deus, ocos de Graça, cheios de conhecimento e desprovidos de sabedoria serão todos diluídos pelo fogo do Juízo de Deus que trará à tona toda a obra, inclusive as latentes no oculto do ser!

Fico pensando quanta conversa se tem jogado fora em nome de Deus! Quanta necessidade de auto-afirmação! Quanta elucubração teológica! Quanta conversa a-fiada! "É TUDO VAIDADE!"

Mas, diante de tudo isso e em meio a toda essa confusão, que não é nova, o que mais me espanta e me choca é a forma simples e prática como Salomão conclui toda essa inútil dialética da vida: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem" (v.13). Ou seja, não dê importância ao que não é, DE FATO, IMPORTANTE! Não dê ouvidos a nada cuja reverberação não passe de mera "rever-BERRAÇÃO" de almas feridas, doentias e, portanto, surtadas e surtantes, resultantes de traumas recolhidos e eclodidos em forma de verborragia "intelecteológica"! Fique com o que é, DE FATO, essencial e não periférico!

Temer a Deus, revenrenciá-lo com um coração quebrantado, contrito e dependente e, totalmente, desprovido de gestos e cestos curiografados guardando os dois maiores mandamentos, não é nenhum favor que estaremos fazendo a Deus."É O DEVER DE TODO O HOMEM!"

Portanto, o que devemos escolher? Continuar perdendo tempo com questões periféricas ou colocarmos em prática o que é, DE FATO, ESSENCIAL? Isso pode até soar como um convite à omissão, à mediocridade ou, mesmo, à coninvência. Mas, na verdade, a importância à prática do que é essencial é o que, DE FATO, faz a diferença pra Deus!
"O QUE VAI SOMAR NA VIDA? O PERIFÉRICO OU O ESSENCIAL?"

Pr. Henrique Coutinho.