Há poucos dias tive uma experiência um tanto desagradável, mas que me fez refletir, um pouco mais, a respeito das excessivas importâncias que damos ao que não é tão importante assim.
Tudo aconteceu quando tentava entrar em contato com uns amigos via skipe a fim de compartilhar com eles da comunhão que, naquele momento, se praticava. Como não consegui resposta, resolvi ligar pra um dos amigos a fim de lhe solicitar que recebesse a minha chamada via skipe e me conectasse àquela reunião que, lá, estava acontecendo. Foi quando me surpreendi com a seguinte resposta: "quando estamos no "culto" não atendemos a ninguém, não interrompemos o "culto" para atender a ninguém!" Ao que agradeci e desliguei o telefone muito desapontado. Como se não bastasse, a mesma pessoa me enviou, imediatamente, um e-mail reafirmando o que já me tivera dito por telefone: "quando estamos no "culto" não atendemos a ninguém, não interrompemos o "culto" para atender a ninguém!"
Ao que respondi: "Desculpe amigo! Só queria participar DO CULTO com vocês. Pois, não é o "culto" que faz os cultuadores, mas os cultuadores O CULTO!"
É muito triste perceber como nossa mente está tão blindada e, portanto, condicionada a conceitos religiosos que nos revelam um caráter tão hostil, desamoroso e intolerante. Como os dogmas das religiões são capazes de tornar tão importante o que, na verdade, é periférico, em detrimento do que, de fato, É ESSENCIAL E IMPORTANTE! Como a cegueira religiosa é capaz de supervalorizar o supérfluo e subestimar o valoroso. E o pior de tudo é que as pessoas religiosas fazem tudo isso "em nome de Deus" e "pra Deus", sem nenhuma compreensão de que DEUS não dá a mínima pra aquilo que não seja relevante pra ELE.
O QUE É MAIS IMPORTANTE: O "CULTO" OU OS CULTUADORES? Para responder a esta pergunta, primeiro precisamos rever o que entendemos por CULTO. Já que, na maioria dos casos, "culto" é um conjunto de formalidades litúrgicas que têm começo, meio e fim cuja duração depende da corrente religiosa; a pregação depende da sua corrente teológica e os cânticos do modismo musical do momento. Mas quando todo esse repertório cansa e se torna defasado, os seus "idealizadores" precisam fazer das tripas coração para trazer "novos atrativos e atrações" a fim de entreter e prender os seus adeptos em seus "cultos eclesiásticos". Diante disso, o que deveria ser CULTO acaba caindo na banalidade de meras programações religiosas amarradas e acorrentadas a esdrúxulas motivações interesseiras advindas de "líderes marqueteiros" cujas visão e interesse são, estritamente, umbilicais. Daí porque o "culto" acaba se revestindo de maior importância do que aqueles que deveriam ser cultuadores do ÚNICO SENHOR; o local de culto acaba por se tornar tanto mais "sacralizado" do que AQUELE a QUEM se deveria prestar CULTO EM ESPÍRITO E EM VERDADE (JOÃO 4:20-24)!
A idéia de CULTO para Jesus é de uma ATITUDE CONSTANTE de louvor e adoração a Deus e de serviço ao próximo - o CULTO É ATEMPORAL!
A ideía de CULTO para Jesus é de uma CAMINHADA INTINERANTE nas 'veredas metafísicas' DA GRAÇA DO CAMINHO - o CULTO É ANTIGEOGRÁFICO!
A idéia de CULTO para Jesus é de uma espécie de PULSÃO ESPIRITUAL que nos remete sem medos, sem culpas nem obrigações a um JEITO DE SER cada vez mais CÚLTICO conquanto cada vez menos litúrgico - o CULTO É UM ESTILO DE VIDA!
Já sabemos que o foco, o objeto, do CULTO É DEUS! Mas, também sabemos que sem adorador não existe adoração que é o mesmo que dizer que, sem CULTUADORES NÃO HÁ CULTO! E, CULTO no sentido em que Jesus ensina, não no sentido pré-moldado das religiões.
Pr. Henrique Coutinho.