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"Agora é tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial e da discriminação para a pedra sólida da fraternidade." (Rev. Martin Luther King Jr.)

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Afroabraços,

Henrique Coutinho.



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

NEGROS TÊM PRESENÇA MARCANTE NA BÍBLIA.

Apesar da quase nulidade de arquivos ou estudos bíblicos acerca da figura do negro como participante na História Sagrada, algumas linhas de estudo apontam para uma revelação no mínimo curiosa: Sulamita, a predileta do coração de Salomão e inspiradora dos poemas de amor do livro de Cantares, provavelmente foi uma bela negra. De acordo com alguns estudiosos dos textos sagrados, as filhas de Jerusalém protestaram quando descobriram que o maior poema de amor de todos os tempos havia sido dedicado a uma negra. Essa teria, então, respondido à atitude preconceituosa através do próprio poema: "Eu estou morena e formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão" (Cantares 1.5).

Salvo algumas controvérsias a respeito da tradução desta passagem, o texto traduzido para o inglês, segundo alguns intérpretes, no entanto, não deixaria dúvida: "I am black but comely", diz o texto, que traduzido significa: "Eu sou negra, mas agradável".

Bíblia, um livro branco?

Para o pastor e presidente da Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB), Amaury de Souza Jardim, , os textos dos Cantares de Salomão não indicam com certeza que Sulamita fosse uma negra:


Os textos falam de "morena", queimada de sol". Existe uma boa possibilidade, mas não podemos afirmar - disse.

O pastor e teólogo Claudionor Corrêa considera, entretanto, o texto em inglês como suficiente para uma conclusão:

Apesar da infelicidade da partícula adversativa (referindo-se ao mas aplicado ao texto), essa tradução parece estar mais de acordo com o original hebraico - afirmou em um artigo sobre o assunto.

De acordo com o pastor, a Bíblia foi vista como um livro exclusivamente branco e interpretado através do filtro colonialista pelas nações européias, com exceção dos missionários que corriam o mundo propagando a Palavra de Deus. "Jamais nos esqueçamos de que a Bíblia começou a ser escrita na África", lembrou.

É bem verdade. O livro de Gênesis, que fala da história da criação e da queda do homem — também conhecido como o Índice das Nações — faz referência a pelo menos três grandes nações africanas: Cuxe, Mizraim e Pute, que hoje são Etiópia, Egito e Líbia.

África separada

Até a construção do Canal de Suez, conta a história, não se fazia distinção entre as terras bíblicas. E o cenário da atuação divina ia do Nilo ao Eufrates. Para o faraó, a península do Sinal ainda era Egito, e este nunca deixou de ser África, de qual continente também fazia parte Israel. Com a construção do Canal de Suez, em 1859, a África foi separada do que hoje é conhecido como Oriente Médio, com reflexos dessa separação na cultura e na história da nação africana.

Para o pastor Claudionor, Israel é uma nação tão africana quanto semita, e a mensagem que esta leva ao mundo teve seu início no continente negro. No entanto, segundo o pastor, é necessário que sejam derrubados alguns mitos acerca de certas passagens bíblicas, que dão margem a interpretações equivocadas.


Já disseram que a cor negra é o sinal que o Senhor colocara em Caim por haver este matado Abel, seu irmão, em Gênesis 4.15, ou que o negro surgiu por causa da maldição imposta pelo patriarca sobre a irreverência de Caim, em Gênesis 9.25. São teses falhas, dúbias e perniciosas. De acordo com a concepção hebraico-cristã, não há nenhuma maldição em ser negro, nem bênção em ser branco — rechaçou.

Esposa negra de Moisés

A Bíblia descreve a atuação de negros em outras passagens e livros. Quando Jeremias, por causa de uma profecia, foi lançado no calabouço de Malquias, foi um etíope chamado Ebede-Meleque, que intercedeu por ele junto ao rei Zedequias. Apesar de parecer revestido de discriminação por conta da raça, o episódio que envolveu Moisés e uma mulher cuxita (etíope) também registra a história do negro nas Escrituras Sagradas, mas segundo os teólogos, o preconceito foi mais em função do politeísmo da cuxita (culto a vários deuses) do que propriamente por causa da origem racial da esposa do profeta.


No capítulo 12 do livro de Números, Miriã e Arão, falaram contra Moisés "por causa da mulher cuxita que tomara". Mas a crítica foi em função da permissividade de Moisés com relação à religião da mulher cuxíta, ou seja, por esta não ter origem judaica — afirmou o pastor Amaury Jardim.

Apesar de muitos africanos ainda verem a Igreja como de origem européia, uma análise mais atenta sobre a História Sagrada vai demonstrar que a Igreja do Senhor Jesus sempre foi tão multirracial quanto hoje, porque a Bíblia, efetivamente, começou a ser escrita na África.

O verdadeiro descendente de Abraão não é branco nem negro, pois no céu não vai existir pigmentação. Na verdade, a Bíblia afirma que o renascido em Cristo será mesmo resplandecente. "Então, os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos (para ouvir), ouça" (Mateus 13.43).

(Texto Transcrito de Silvia Gadelha - Folha Universal)

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