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Afroabraços,

Henrique Coutinho.



terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O QUE É UMA CONFRARIA E COMO SURGIU!?

Somente com o fim de informar a origem histórica e etimológica do que seja uma CONFRARIA é que publico, mais uma vez, o relato abaixo descrito.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Confrarias (irmandades ou ordens terceiras) são associações religiosas de leigos no catolicismo tradicional, que se reuniam para promover o culto a um santo. Surgiram na Europa durante a Idade Média e espalharam-se nas colônias portuguesas. Foram um elemento importantíssimo da vida na América. No Brasil, as confrarias de negros estão na origem do sincretismo religioso dos cultos afro-brasileiros como o Candomblé.



As confrarias católicas

Procissão da festa de São Lourenço em Paredes (Portugal)As confrarias são grupos de pessoas que se associam, geralmente pela vizinhança, para promover a devoção e o culto a um santo, representado por uma relíquia ou imagem.

Segundo Riolando Azzi, existem dois tipos principais de confrarias: as irmandades e as ordens terceiras. Ambas surgiram na Idade Média. As irmandades derivam das antigas corporações de artes e ofícios. As ordens terceiras são vinculadas a ordens religiosas medievais como as franciscanas, as carmelitas e aos dominicanos.


História das confrarias no Brasil
Após o Concílio de Trento, a Igreja Católica confirmou o poder dos santos intercessores em oposição à reforma protestante que eliminou estas devoções. Ao mesmo tempo, na Europa, a Reforma Católica enfatizou a prática sacramental e valorizou o clero em detrimento dos leigos. Entretanto, nas colônias, devido ao regime de padroado, a Cúria Romana pouca influência teve na vida da Igreja local. Cabia ao Rei a autoridade sobre o clero secular e religioso e a construção de locais de culto.

As confrarias desempenharam um papel importantíssimo no Brasil colônia. Chegando à América, as confrarias e irmandades organizaram-se de forma autônoma em relação ao clero. Antes de 1719, eram regulamentadas pelas Ordenações do Reino, que subordinava as confrarias às autoridades civis. Naquele ano, seria criado o primeiro arcebispado na Bahia. Como o desenvolvimento das paróquias ocorria de forma desigual e considerando o precário número de missionários, estas associações, formadas eminentemente por leigos, foram fundamentais para a propagação da fé católica ao povo que vivia na colônia. De forma distinta da Igreja católica européia, a ênfase se dá ao aspecto devocional.


As irmandades
Sua característica principal é o caráter leigo no culto católico. Cada irmandade tinha seu próprio estatuto ou compromisso. Ele definia as normas de funcionamento da associação e os direitos e deveres de seus membros. O estatuto deveria ser aprovado pelo rei de Portugal, como Grão-Mestre da Ordem de Cristo. A irmandade tinha autonomia para administrar seus bens, que consistiam na arrecadação aos seus associados e heranças dos congregados.

Para manter o culto ao santo padroeiro da organização, era necessário ao menos um altar para a devoção. Às vezes já havia uma capela ou ermida dedicada ao santo e a função da associação era zelar por ela. Outras vezes, as irmandades se reuniam em um pequeno oratório e a irmandade busca angariar recursos para a construção da capela. As irmandades com menos recursos contentavam-se com um altar lateral em uma igreja que já tem um santo principal. Era comum que uma mesma igreja fosse dividida por várias irmandades. Foi no século XVII, durante o ciclo do ouro, que as irmandades intensificaram sua organização, com construções ricas e suntuosas.

Estas associações desempenharam um papel para além do religioso. Seus membros criaram laços de solidariedade e ajuda mútua: promoviam sepultamentos dignos para seus membros, oravam pelas almas dos falecidos e assistiam seus órfãos e viúvas. Era comum que um membro da irmandade designasse sua alma como herdeiro. Assim, seus bens eram administrados pelos irmãos e garantiam a realização de missas pela alma do morto, intercedendo assim pela sua salvação no juízo final.

As festas religiosas e procissões eram um momento privilegiado de convívio social, sobretudo para as mulheres, que viviam restritas ao ambiente familiar. As procissões eram o ponto alto para os membros das irmandades: cada uma tinha sua vestimenta, cores e estandardes que lhe davam reconhecimento interno e externo.

Aos poucos foi sendo permitido aos escravos criarem suas próprias confrarias, mas mantendo a distinção de cor: havia as confrarias dos "homens brancos", dos "pardos" e dos "pretos". Organizadas por grupos sociais, reproduziam a estratificação social da sociedade colonial.

O período áureo destas organizações foi no Brasil colônia e permaneceram fortes durante o Império. Foram perdendo prestígio durante a República, quando ocorreu a separação entre a Igreja e o Estado. Neste período ocorre a Romanização do catolicismo brasileiro, que, entre outras reformas, passou a valorizar mais as organizações leigas vinculadas ao clero.


As confrarias afro-brasileiras
As irmandades compostas por negros congregava tanto negros livres como escravos. Para a maioria, era a única forma de convívio fora do espaço de trabalho. Um traço típico da associação, além da cor da pele, era a etnia africana de origem.

Segundo alguns historiadores, as irmandades de negros surgidas no Brasil tiveram sua origem não somente na Europa, mas também na África, levadas pelos colonizadores portugueses a partir da segunda metade do século XV. Há registros de irmandades do Rosário em Angola, Moçambique e Congo desde o século XVII. Alguns autores acreditam que muitos negros já chegaram ao Brasil como irmãos do Rosário.

A possibilidade de reunir-se oficialmente em confrarias congregadas por etnia permitiu aos negros a vivência do culto africano: dentro das igrejas, veneravam os santos católicos e fora dela, seus orixás. Nas festas dos santos e santas das irmadades dos homens pretos e pardos, as tradições africanas se manifestavam. Tornaram-se uma expressão do sincretismo religioso do Brasil colonial. Estas associações estão na origem do Candomblé e outras manifestações afro-brasileiras como o maracatu e o congado.

As eleições dos reis e rainhas da irmandade eram uma ocasião de afirmação da identidade cultural e também a ocasião de arrecadar as doações para o sustento da associação. Além do amparo que as irmandades brancas garantiam a seus associados, como assistência médica, jurídica e funeral, amparo financeiro, as irmandades de negros reservava parte de seus recursos para a compra de alforria para alguns membros.

Assim estas irmandades tiveram grande importância na história do Brasil no que se refere ao africano, às correntes favoráveis à libertação dos escravos, na administração de fundos para compra de cartas de alforria, na luta pela ocupação do espaço social, na continuidade dos valores culturais e na constituição de identidade.





As confrarias hoje
Estas organizações continuam atuantes com suas devoções, cerimônias e obras sociais e são reconhecidas pela Santa Sé. O Papa Bento XVI, falando a membros das mais de duas mil confrarias das regiões e dioceses da Itália em 2007, reconheceu a importância histórica do seu papel para além da devoção, sobretudo na Idade Média, "quando ainda não havia formas de assistência pública que garantissem iniciativas sociais e de saúde, para as faixas menos favorecidas da coletividade". Também exortou seus membros a: "radicados no sólido fundamento da fé em Cristo, suas beneméritas Confrarias, com a singular multiplicidade de carismas e a vitalidade eclesial que as distingue, continuem, portanto, difundindo a mensagem da salvação entre o povo, operando nas multíplices fronteiras da nova evangelização."[1]





Bibliografia
Azzi, Riolando (1983): "A instituição eclesiástica durante a primeira época colonial", em: História da Igreja no Brasil, (3a edição), Edições Paulinas/Vozes, Petrópolis, Brasil.
Cássia, Taynar de (2001): Movimento negro de base religiosa: a Irmandade do Rosário dos Pretos. CADERNO CRH, Salvador, n. 34, p. 165-179.

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