Racismo institucional? Frente parlamentar repudia declarações de deputado do DEM à ministro do STF.
"Ilustre ministro moreno escuro", disse Júlio Campos (DEM) sobre ministro Joaquim Barbosa, do Supremo
Carlos Eduardo Freitas
www.salvadordiario.com
O presidente da mais nova Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas, da Câmara Federal, o deputado federal Luiz Alberto (PT/BA), repudiou, em nome do colegiado, declarações do colega parlamentar, deputado federal Júlio Campos (DEM/MT), que teria se reportado ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamando-o de “ilustre ministro moreno escuro”.
“Questiono: será coincidência ou o deputado cometeu um ato de racismo institucional? Será que o deputado chamaria qualquer outro ministro do STF, não-negro, de moreno claro? Não seria esta uma tentativa de invisibilizar e não legitimar o único ministro negro daquela corte?”, declarou Luiz Alberto.
O presidente da Frente que tem foco no debate racial, nos direitos e políticas públicas para a população negra, disse não acreditar que um deputado, de longa experiência no parlamento brasileiro, possa esquecer o nome de um membro do Supremo, que é composto por apenas 11 ministros, dos quais apenas um é negro [Joaquim Barbosa].
“Ato como este do deputado em questão não deve ser tolerado em pleno século 21, em um país no qual o IBGE declarou que mais de 51% da população é negra, neste ano, inclusive, em que também a ONU elegeu como o ano internacional dos afrodescendentes, que representa o fortalecimento do estado brasileiro na garantia de igualdade e oportunidades à população negra”, afirmou o parlamentar baiano.
Para Luiz Alberto, o acontecimento demonstra longo caminho de luta que parlamentares, senadores, movimento social e a população negra ainda têm que travar na batalha contra o racismo institucional no país. “Essa é uma responsabilidade e papel que esta Frente vai ter, para não permitir que fatos como este sejam novamente escritos na história do Brasil”, disse.
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